Henry Kissinger, ex-Secretário de Estado dos EUA:“Os países industrializados não poderão viver da maneira
como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição
os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar
um sistema de pressões e constrangimentos
garantidores da consecução de seus intentos”.
como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição
os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar
um sistema de pressões e constrangimentos
garantidores da consecução de seus intentos”.
Por General Marco Antonio Felício da Silva*
O nióbio (Nb) é uma das substâncias de mais baixa concentração na crosta terrestre. Aparece, normalmente, em associação com o tântalo. Há dois minérios tradicionais que contêm o minério de nióbio: A “columbita” ou “niobita” e o minério denominado “pirocloro”. O nióbio é um dos chamados “metais novos”, no sentido de que teve a sua utilização realçada pelas tecnologias de ponta, surgidas nos últimos anos.
O Brasil é líder das reservas mundiais de nióbio (98,53%), seguido pelo Canadá (1,01%) e Austrália (0,46%), sendo também o seu maior produtor, representando 97,2% do total mundial. O Estado de Minas Gerais é o maior produtor nacional com 83,6%, seguido pelo Estado de Goiás (15,3%) e pelo Amazonas (1,1%). Estes são dados do “Sumário Mineral”, edição 2010, publicação oficial do “Departamento Nacional de Produção Mineral”.
Recentemente, com ampla difusão, inclusive em jornais e na Internet, tomamos conhecimento, por meio do WikiLeaks, de documento produzido pela Secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, classificando como área de interesse vital para os EUA as minas do mineral estratégico nióbio, localizadas em Araxá, MG, e em Catalão e Ouvidor, estado de Goiás, mineral brasileiro do qual dependem totalmente, ocorrendo o mesmo com a Europa e o Japão.
A China tornou-se, em 2009, o maior importador da liga ferro-nióbio brasileira, usada, principalmente, na metalurgia, para a produção de chapas de aços especiais, que apresentam qualidades superiores, ultrapassando os EUA e os países europeus.
Aliás, acerca do que divulga o WikiLeaks, é bom lembrar que uma das missões das Forças Armadas norte-americanas é defender os interesses da Nação americana do Norte em qualquer parte do mundo, principalmente nas áreas classificadas como vitais, para a manutenção do poder econômico e/ou militar e do bem-estar do povo norte-americano. Isso é dito ou escrito em documentos oficiais sem qualquer constrangimento de demonstração de um poder superior, comprovado até mesmo pela História recente em guerras e invasões com a ONU a reboque.
Fatos como esse, mostram a fragilidade da Política Externa de “soft balance”, praticada pelo Brasil e orientada pelo idiota apedeuta, “o nosso guia”, como dizia de forma ridícula, nos últimos anos, o atual Ministro da Defesa, que desconhece que Diplomacia há que ser respaldada por Poder Militar compatível com o perfil político estratégico do País para que seja encarada com seriedade e não como retórica demagógica a cair no vazio.
A questão do nióbio é, simplesmente, vergonhosa. Afirma o economista Adriano Benayon, grande defensor dos interesses nacionais :
“A produção do nióbio, cresceu de 25,8 mil toneladas, em 1997, para 44,5 mil em 2006. Chegou a quase 82 mil em 2007, caindo para 60,7 mil em 2008, com a depressão econômica (dados do Departamento Nacional de Produção Mineral). Estima-se atualmente 70 mil toneladas/ano. Mas a estatística oficial das exportações brasileiras aponta apenas 515 toneladas do minério bruto, incluindo “nióbio, tântalo ou vanádio e seus concentrados”!
Fontes dignas de atenção indicam que o minério de nióbio bruto era comprado no garimpo a 400 reais/quilo, cerca de U$ 255,00/quilo (à taxa de câmbio atual e atualizada a inflação do dólar). Ora, se o Brasil exportasse o minério de nióbio a esse preço, o valor anual seria US$ 15,3 bilhões. Se confrontarmos essa cifra com a estatística oficial, ficaremos abismados ao ver que nela consta o total de US$ 16,3 milhões (0,1% daquele valor), e o peso de 515 toneladas (menos de 1% do consumo mundial). Observadores respeitáveis consideram que o prejuízo pode chegar a US$ 100 bilhões anuais.
Mesmo que o nióbio puro seja cotado a somente US$ 180 por quilo, como indica o site “chemicool.com”, ainda assim, o valor das exportações brasileiras do minério bruto corresponderia a apenas 1/10 disso. O nióbio não é comercializado nem cotado através das bolsas de mercadorias, como a London Metal Exchange, mas, sim, por transações intracompanhias. Há, ademais, um item, ligas de ferro-nióbio, em que o total oficial das exportações alcança US$ 1,6 bilhão, valor mais de 100 vezes superior à da exportação do nióbio e de minérios a ele associados,em bruto. Omais notável é que o nióbio entra com somente 0,1% na composição das ligas de ferro-nióbio. Vê-se, assim, o enorme valor que o nióbio agrega num mero insumo industrial, de valor ínfimo em relação aos produtos finais das indústrias altamente tecnológicas que o usam como matéria-prima.
Note-se, também, que a quantidade oficialmente exportada do ferro-nióbio em 2010 foi 66.947 toneladas. O nióbio entrando com 0,1% implicaria terem saído apenas 67 toneladas de nióbio, fração ínfima da produção mundial quase toda no Brasil e do consumo mundial realizado nas principais potências industriais e militares.”
E qual a razão desse minério, tão raro no resto do mundo, levar o Departamento de Estado norte-americano a classificar áreas do Brasil do interesse vital deles? E qual o motivo para que os nossos responsáveis pela segurança e soberania nacionais demonstrem assim não as considerar, permitindo, aos donos das jazidas ativas, extrair o minério, exportá-lo irregularmente, após beneficiá-lo e, ainda por cima, acertar os preços do mesmo, na Inglaterra, entre empresas, causando grande prejuízo ao Brasil? A agravar tal prejuízo temos que considerar, também, a questão do descaminho, acredita-se em grande escala, na região amazônica, pela fragilidade da vigilância de nossas fronteiras e pela ação de ONGs estrangeiras, incluso em áreas indígenas, não fiscalizadas.
A resposta primeira, simplesmente, por ser o nióbio considerado minério altamente estratégico, indispensável a produtos de alta tecnologia, principalmente àqueles empregados na indústria de armamentos sofisticados, na área nuclear, cibernética e espacial. A segunda, não há dúvidas, trata-se de crime de lesa-pátria, originário da corrupção moral e material de nossos governantes que é muito maior do que o patriotismo e da responsabilidade para com a Nação brasileira que, obrigatoriamente, deveriam ter. Vamos voltar ao assunto.
(*) O general Marco Antonio Felicio da Silva é articulista do jornal Inconfidência, Belo Horizonte, MG.
Sobre este delicado assunto, informe-se mais:
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