segunda-feira, 19 de junho de 2017

SIM OU NÃO?

Meus caros, o jornalista gaúcho (que em sua matrícula escolar constava como nascido no Uruguay) Apparicio Fernando de Brinkerhoff Torelly, que também assinava Apporelly, quando veio para o Rio trabalhar em jornais, se auto concedeu o título nobiliárquico de Barão de Itararé (referência à maior batalha campal da América Latina - que nunca chegou a ser travada).

Um dos mais brilhantes e criativos intelectuais da nossa imprensa, criador de frases memoráveis, como ¨quando um pobre come galinha um dos dois está doente¨, ¨o casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e outro religioso¨, ¨tudo seria muito fácil, se não fossem as dificuldades¨.

Certa vez, respondendo a uma prova oral do curso de medicina, que abandonou no quarto ano por questões não explicadas, o professor tentando humilhá-lo por uma resposta errada, dirigiu-se a um bedel e pediu, em voz alta: Fulano, vá até a cantina e traga um feixe de capim! o nosso Apparicio completou: e pra mim um cafezinho!Comenta-se que ali começou o seu afastamento da Faculdade.

Durante a ditadura Vargas foi muito perseguido por ser comunista. Foi eleito vereador pelo Partidão com o lema: ¨Mais leite e mais água para o povo; e menos água no leite!¨
Dividiu cela com Graciliano Ramos, de quem era amigo e correligionário, e está citado no monumental ¨Memórias do Cárcere¨.

Certa vez, durante um interrogatório, irritou tanto o
policial que o interrogava, que este bradou: Seu Apparicio, responda apenas o que eu perguntei, pare com tantos subterfúgios e diga apenas sim ou não. O bravo jornalista respondeu: senhor major, certas perguntas não podem ser respondidas com apenas um sim ou não, há que contextualizá-las.
O major discordou afirmando que qualquer pergunta pode ser respondida simplesmente com um sim ou não.
Posso fazer ao senhor uma pergunta para o senhor responder sim ou não? perguntou humildemente o nosso herói. O major cheio de raiva desafiou: Faça! faça qualquer pergunta que eu
responderei sim ou não.
O destemido jornalista tascou: Major, o senhor acredita que sua esposa parou de lhe trair?
Foi quando levou a primeira mãozada.

Pois é, são perguntas capciosas que não podem ser respondidas
que constam das mais de oitenta que o Fachin mandou para o Temer e lhe concedeu 24 horas para responder; depois, condescendente, dilatou o tempo, mas as perguntas continuaram irrespondíveis, e versavam sobre quatro temas: 1. relativas à gravação clandestina que não foi periciada e é a pièce de résistance de todo o processo, mesmo não sendo aceita como prova em nenhum tribunal decente; 2. fatos anteriores ao mandato presidencial, portanto fora do alcance do processo; 3. questões de caráter pessoal (quem é Edgar?); e 4. questões referentes ao Rocha Loures, que está em outro processo.

Descobri hoje que o Fachin não é obrigado a responder aos questionamentos que alguns deputados aliados do Temer queriam lhe fazer. Mas eu farei as perguntas que me intrigam mesmo assim, mesmo eu conhecendo as respostas.
Lá vai:
Ministro Fachin, é verdade que o senhor certa vez atuou como advogado do Paraguay numa questão internacional contra o Brasil? (patriotismo é isso!)
Ministro Fachin, é verdade que o senhor participou ativamente da campanha presidencial, pedindo votos para a Dilmula, e se identificando como líder de ¨um grupo de juristas que têm lado, o lado do PT¨?
Ministro Fachin, é verdade que o senhor advogou pelo MST, em questões de invasões de propriedades?
Ministro Fachin, é verdade que, para ser Ministro do STF,  o senhor foi pedir votos aos senadores de braços dados com o Ricardo Saud, tesoureiro, e propineiro do Joesley Folgadão?
Ministro Fachin, é verdade que o senhor, já Ministro do STF, participou de um jantar na mansão do Joesley Folgadão em Brasília, que varou a noite, e pela manhã foi para Curitiba no Jatinho do criminoso?
Ministro Fachin, é verdade que o Joesley Folgadão cometeu 245 crimes, cuja prisão, na soma pelas penas máximas, chegam a 2.448 anos de cadeia?
Ministro Fachin, é verdade que o senhor mandou instaurar um processo contra o Presidente da República com base numa fita gravada clandestinamente, portanto sem nenhum valor em qualquer tribunal democrático?
Ministro Fachin, é verdade que o senhor se arvorou relator do Processo solicitado pelo Janot, quando, pelo Regimento Interno do STF, o relator deveria ser escolhido por sorteio?
Ministro Fachin, é verdade que, ao arrepio da Lei, o senhor concedeu Perdão Judicial ad aeternum ao criminoso Joesley Folgadão?
Ministro Fachin, por que o senhor é desse jeito?

Humberto Ellery

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