sexta-feira, 23 de junho de 2017

O rebotalho da crônica esportiva decidiu fazer delação premiada

Aspas para o famoso e folclórico rebotalho da crônica esportiva:  Curitiba. Sala fria. Repleta de policiais.   O farsante decidiu delatar. Abrir o verbo.Logo ele, que adora vazar delações alheias. O cretino pergunta: " O gravador é bom mesmo, doutor? Melhor do que aquele enferrujado do colega Joesley? "Eu garanto. Fala", irrita-se o procurador. Vamos lá.  " Não aguento mais tanta angústia. Há anos não consigo dormir. Ruminando, babando  ódio,  contra quem vou jogar as patas amanhã. Não preciso de provas. Nasci leviano. Morrerei  leviano.  Acuso e pronto. Dane-se,  Jornalista não vai em cana no Brasil. Desde que fui parido, no curral das vacas, sinto uma sofreguidão no peito. Minha sina é falar mal dos outros. Doutor Janota, estou abrindo meu coração ao senhor para tentar, pela última vez, se consigo me tornar cidadão decente. Preciso aplacar o  ódio, o recalque, a inveja e a frustração que carrego no peito. Deixar de ser anjo torto e cretino. Minha alma tem mau hálito, de tanta imundície que escrevo.  Aliás, registre-se: sou apenas um rabiscador de asneiras, sandices, idiotices e imbecilidades. E a Folha de São Paulo ainda me paga por isso. Antes da delação premiada que agora faço ao senhor, doutor Janota, procurei o perdão de Deus."Não diga. Sério? Indaga o doutor Janota.   Fui barrado em todas as igrejas católicas de São Paulo.  Todos os padres recusaram ouvir minhas confissões. Correram de mim como o diabo corre da cruz. Agora,  doutor Janota,  em Curitiba, sei que vou finalmente encontrar a paz que tanto almejo. Não quero mais ser torpe. Juro que não patrulharei mais nenhum diretor, presidente de clube ou jogador.Não insultarei mais a CBF. Tentarei ser menos ordinário. Burrice falar mal da CBF. Os caras lá nem sabem existo. Não dão a minima para minha medíocre existência.    Percebo que  estou perdendo  a credibilidade e o respeito profissional. Nos meus  muitos endereços que a Receita federal tem, não sou mais saudado com festa nem pelos vigias noturnos. De madrugada, os lixeiros viram a cara. Fingem que não me conhecem. Não quero mais ser um cara repulsivo, arrogante e pretensioso. Juro, doutor Janota, que tentarei rabiscar menos porcariadas. A Folha de São Paulo ainda vai se orgulhar de mim. Nessa linha, tentarei levar a amarga Mariliz Pereira para o caminho do bem e da ternura.  Prometo, doutor Janota, que voltando para São Paulo, marcarei consulta com uma junta internacional de  psiquiatras, psicólogos, pais de santo e pastores evangélicos.  Talvez ainda tenha cura. Não aguento mais ter pesadelos com os versos imortalizados no samba de Antônio Maria: "Ninguém me ama/ ninguém me quer/ ninguém me chama de meu amor".  Doutor Janot percebe que o rebotalho tenta  chorar. Em vão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário