Pela situação caótica do País em termos morais, éticos, econômicos, políticos, corrupção generalizada e insegurança total, segmentos da população têm sugerido a intervenção militar.
Porém, o caminho não pode ser este!
A solução não é fácil mas tem de ser encontrada na Constituição como preconizam as pessoas equilibradas.
Em 2001, os Professores MARIA CELINA D’ ARAÚJO e CELSO CASTRO da conceituada Fundação Getulio Vargas (FGV) organizaram o livro “ MILITARES E POLÍTICA NA NOVA REPÚBLICA” à base de entrevistas com os principais dirigentes fardados entre 1985 e o primeiro Governo de FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (FHC).
A obra teve grande repercussão castrense porque contém depoimentos dos Ministros das Forças Singulares, dos Chefes da Casa Militar da Presidência da República e do Estado-Maior das Forças Armadas(EMFA).
É um documento histórico de grande relevância.Entretanto, foi lançado prematuramente e ficou incompleto porque o Chefe da Casa Militar de COLLOR recusou reiteradamente o convite para depor e o Chefe do EMFA no Governo de FHC não quis assinar a carta de cessão do seu depoimento à FGV, legalmente indispensável para torná-lo público.Este fato está assinalado na Introdução do livro.
Os dois generais foram criticados, favorável e desfavoravelmente, por suas atitudes. Mas não quiseram participar e nem contribuir para contradições, dissensões , divergências, antagonismos entre as Forças Singulares e, principalmente, em críticas- algumas veementes- a seus companheiros de farda.E o fizeram muito bem havendo significativa prevalência de elogios pelos seus gestos.
O momento é oportuno para relê-lo porque contém, inclusive, o procedimento de vários deles durante o processo de impedimento de COLLOR, grande teste de observância dos princípios democráticos na primeira eleição direta de um Presidente da República após o término da “chamada ditadura”.
A conduta dos mesmos foi exemplar e foram decisivos para a elaboração do “Comunicado à Nação”, de 25 de agosto de 1992, também assinado por todos os Ministros e Secretários de Estado, comprometendo-se a prosseguirem no cumprimento do dever somente até o final do julgamento na Câmara dos Deputados,qualquer que fosse o resultado.
Na conclusão do referido documento, os signatários fazem enfático apelo a todos os brasileiros para que “ acima da crise política que encontrará seu desfecho natural na órbita da Constituição e das instituições democráticas, colaborem para a indispensável governabilidade do país, e a preservação dos interesses permanentes do Brasil”.
A História mais uma vez se repete e a saída não pode ser outra!
Lamentavelmente, hoje existe uma desunião nacional muito maior ,as agressões verbais e físicas são abomináveis, as depredações são incontroladas, a desmoralização dos políticos é incomparável, a corrupção é repugnante e não mais há o tão necessário respeito à autoridade.
Ao criar o ocioso e oneroso Ministério da Defesa (MD), FHC abaixou a crista dos militares e surgiu uma situação até então esdrúxula na vida nacional. Um brilhante general de três estrelas foi alçado a Ministro, como Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSIPR), enquanto os Comandantes das Forças Armadas, de quatro estrelas, perderam este status.Diante deste fato inédito, o saudoso e estimado Ministro ZENILDO recusou o convite para continuar como Comandante do Exército e teria dito a amigos próximos , em tom jocoso, que sendo da Arma de Cavalaria não poderia”passar de cavalo a burro”, apesar de favorável a transformação.
Para Instituições que tanto preservam a hierarquia foi um duro golpe haja vista que, nos Governos Militares, ANDREAZZA E PASSARINHO foram vetados nas suas pretensões à Presidência da República por serem Coronéis.
Ao final de 1998, nenhum político no desempenho de função parlamentar quis assumir o novel MD por dois motivos: a Pasta não dá votos e nem margem a superfaturamento em licitações. Ocupou-a , em 1999, um ex- Senador que tinha sido derrotado nas eleições e que nunca teve receptividade no meio militar, piorando-a no desempenho do Cargo.
Um ano após, envolvido em denúncias, foi demitido e substituído por um advogado. Já imaginaram a repercussão no ambiente diplomático se um General fosse Ministro das Relações Exteriores?
Esta era a consideração dispensada aos militares na época que só é superada pela insensibilidade de DILMA ao extinguir o GSIPR que sucedeu a tradicional Casa Militar da Presidência da República, dando margem ao pedido de demissão de seu titular.
Ainda bem que TEMER o recriou tão logo assumiu a Presidência porque o citado Gabinete terá participação decisiva na evolução dos acontecimentos cujo epílogo é, ainda, muito incerto. Seu chefe é o único Ministro Militar na Esplanada dos Ministérios em Brasília.
“O Soldado não serve a governos e sim à Pátria!”
Resta-nos orar e torcer para uma solução constitucional definitiva e a curto prazo para estancar a sangria da desordem e para o bem do BRASIL, minimizando o ódio ideológico.
Diógenes Dantas Filho- Coronel Forças Especiais/ Consultor de Segurança
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