Por Said Barbosa Dib*
Há hoje um péssimo comportamento de alguns jornalistas e políticos menores em atacar o senador Sarney como trampolim para se promoverem. O mais recente caso de oportunismo é o de Luiz Cláudio Cunha, jornalista com longa carreira em vários órgãos de imprensa, premiado por diversas vezes, mas que ultimamente se encontra implorando espaço em pequenos sites. Para sair do esquecimento resolveu escrever artigo publicado dia 26, no site Congresso em Foco, intitulado “Sarney e o torturador, Ustra e o presidente”. Puro parasitismo político.
Entre sofismas, chavões e reducionismos históricos flagrantes, chegou mesmo a afirmar que Sarney não teria sido eleito para o governo do Maranhão, mas nomeado pelos militares. Uma grande bobagem que mostra o desespero em que se encontra o ex-grande jornalista e que desqualifica não apenas o artigo recente, mas toda a história de Luis Cláudio, pois é muito estranho um jornalista investigativo premiado não conferir informações tão óbvias. Sarney foi, sim, candidato da coligação da UDN com o Partido Social Progressista (PSP), apoiado pelos setores mais progressistas de então. Conquistou o governo do Maranhão em outubro de 1965, numa votação inédita: 121.062 votos, o dobro do segundo colocado. O sucesso veio porque Sarney conseguiu aglutinar adversários do “vitorinismo”. Em particular, os remanescentes das associações de lavradores, que haviam sido fechadas e seus principais líderes presos em virtude do golpe militar de 1964. A candidatura Sarney recebeu também o apoio de importantes personalidades progressistas do Brasil, como Glauber Rocha. O ícone do “Cinema Novo” fez questão, inclusive, de fazer filme promocional para Sarney.
Entre sofismas, chavões e reducionismos históricos flagrantes, chegou mesmo a afirmar que Sarney não teria sido eleito para o governo do Maranhão, mas nomeado pelos militares. Uma grande bobagem que mostra o desespero em que se encontra o ex-grande jornalista e que desqualifica não apenas o artigo recente, mas toda a história de Luis Cláudio, pois é muito estranho um jornalista investigativo premiado não conferir informações tão óbvias. Sarney foi, sim, candidato da coligação da UDN com o Partido Social Progressista (PSP), apoiado pelos setores mais progressistas de então. Conquistou o governo do Maranhão em outubro de 1965, numa votação inédita: 121.062 votos, o dobro do segundo colocado. O sucesso veio porque Sarney conseguiu aglutinar adversários do “vitorinismo”. Em particular, os remanescentes das associações de lavradores, que haviam sido fechadas e seus principais líderes presos em virtude do golpe militar de 1964. A candidatura Sarney recebeu também o apoio de importantes personalidades progressistas do Brasil, como Glauber Rocha. O ícone do “Cinema Novo” fez questão, inclusive, de fazer filme promocional para Sarney.
Cláudio também errou feio ao afirmar que, apenas pelo fato de Sarney ter pertencido à ARENA, teria sido necessariamente “esteio da ditadura" e a favor da tortura. Simplismo gritante. E irresponsável. Seria o mesmo que afirmar que o próprio Luis Cláudio, por ter recebido diversos prêmios de transnacionais (ex: Prêmio Esso) e por ter sido destaque na revista Veja (que apoiou a regime militar), teria apoiado o arbítrio. Seria um absurdo. A verdade é que, pelas suas peculiaridades políticas conciliadoras, Sarney não diferia em nada de um Tancredo Neves ou de um Teotônio Vilela, quando os assuntos são a luta pela democracia e a estabilidade do País. Este último, assim como Sarney, também participou da ARENA, mas nunca deixou de ser ícone da luta democrática. O primeiro, Tancredo, em outro contexto, a do último governo Vargas, como ministro da Justiça, chefiou o DIP, instrumento de doutrinação ideológica e de repressão à liberdade de expressão. Mas este fato também não impede que se possa afirmar que Tancredo tenha sido um batalhador sincero pela democracia no Brasil. Mesmo assim, Luis Cláudio poupa Tancredo e Vilela, mas destila veneno contra Sarney. Por quê?
A luta de Sarney pela redemocratização começou não com a formação da “Frente Liberal”, mas logo no início da ditadura. Não se pode esquecer que Sarney foi o único governador que protestou formalmente contra o AI-5, tendo também, por diversas vezes, feito pronunciamentos no Congresso defendendo “a necessidade de retorno à normalidade democrática o quanto antes” (discurso de 1972, em pleno governo Médici). Na época, Sarney desafiou o sistema mantendo relações de amizade e apoio aos perseguidos da ditadura, como Ferreira Gullar, Glauber Rocha, Renato Archer e o ex-presidente Juscelino Kubitschek. O próprio JK escreveu a Sarney agradecendo a forma como foi tratado por ele no Maranhão, após ser recebido com honras de ex-chefe de estado no dia 11 de dezembro de 1968, dois dias antes da edição do AI-5. Por isso, em 1967, o general Dilermando Gomes Monteiro já acusava Sarney de "proteger comunistas", conforme documentos da 10ª Região Militar levantados pela jornalista Regina Echeverria.
Ao longo do governo Geisel, Sarney tinha se manifestado reiteradas vezes em favor da política de distensão inaugurada pelo presidente. Em 1977, segundo a revista Veja, declarou-se um "otimista no processo de redemocratização". Pregou o fim da "hibernação política provocada pelos acontecimentos de 1968", pois "o desenvolvimento econômico é incompatível com o subdesenvolvimento político". Em setembro de 1978 foi convidado pelo presidente Geisel para convencer os arenistas sobre a importância da continuidade da distensão. Para esta tarefa, segundo o Presidente, “nada melhor do que alguém com o perfil de Sarney, conhecido por seus posicionamentos democratas”. Sarney entregou ao presidente relatório advogando mudanças nas medidas de emergência, a eliminação da suspensão automática dos mandatos parlamentares e a liberalização para a formação de partidos. Por esse motivo, achava que o MDB não poderia deixar de apoiar o projeto, pois ele consagrava todos os seus temas de campanha nos últimos anos: o fim do AI-5, a restauração do estado de direito e a superação dos atos de exceção. Na época, Sarney recebeu, dos setores mais radicais de seu próprio partido, críticas violentas. E com o respaldo do presidente Geisel, começou a fazer reuniões periódicas com membros da oposição. Já no governo Figueiredo, com a volta ao pluripartidarismo, Sarney foi reserva moral para respaldar a continuação da difícil abertura iniciada por Geisel. Foi designado pelo presidente para ampliar as negociações com as oposições e promover mudanças internas no então PDS.
Como se vê, os esforços do político maranhense pela volta à democracia não começaram com a formação da “Frente Liberal” e as negociações com Tancredo. Pelo contrário, Tancredo e Sarney se aproximaram justamente porque tinham objetivo em comum há muito tempo: a retirada do Brasil da ditadura militar. Por isso, ataques levianos de ressentidos, como os de Luis Cláudio, não podem afetar a força de quem tem história, de quem foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. São 55 anos de vida pública, sempre eleito.
Ao longo do governo Geisel, Sarney tinha se manifestado reiteradas vezes em favor da política de distensão inaugurada pelo presidente. Em 1977, segundo a revista Veja, declarou-se um "otimista no processo de redemocratização". Pregou o fim da "hibernação política provocada pelos acontecimentos de 1968", pois "o desenvolvimento econômico é incompatível com o subdesenvolvimento político". Em setembro de 1978 foi convidado pelo presidente Geisel para convencer os arenistas sobre a importância da continuidade da distensão. Para esta tarefa, segundo o Presidente, “nada melhor do que alguém com o perfil de Sarney, conhecido por seus posicionamentos democratas”. Sarney entregou ao presidente relatório advogando mudanças nas medidas de emergência, a eliminação da suspensão automática dos mandatos parlamentares e a liberalização para a formação de partidos. Por esse motivo, achava que o MDB não poderia deixar de apoiar o projeto, pois ele consagrava todos os seus temas de campanha nos últimos anos: o fim do AI-5, a restauração do estado de direito e a superação dos atos de exceção. Na época, Sarney recebeu, dos setores mais radicais de seu próprio partido, críticas violentas. E com o respaldo do presidente Geisel, começou a fazer reuniões periódicas com membros da oposição. Já no governo Figueiredo, com a volta ao pluripartidarismo, Sarney foi reserva moral para respaldar a continuação da difícil abertura iniciada por Geisel. Foi designado pelo presidente para ampliar as negociações com as oposições e promover mudanças internas no então PDS.
Como se vê, os esforços do político maranhense pela volta à democracia não começaram com a formação da “Frente Liberal” e as negociações com Tancredo. Pelo contrário, Tancredo e Sarney se aproximaram justamente porque tinham objetivo em comum há muito tempo: a retirada do Brasil da ditadura militar. Por isso, ataques levianos de ressentidos, como os de Luis Cláudio, não podem afetar a força de quem tem história, de quem foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. São 55 anos de vida pública, sempre eleito.
* Said Barbosa Dib é historiador, analista político e, com muito orgulho, assessor de imprensa do senador Sarney
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