Coluna
de responsabilidade do Cieam, editada por Alfredo MR Lopes, de
autoria do presidente da entidade, Wilson Périco: “Com
deselegância, desinformação e grosseria, o economista Alexandre
Schwarsmann, exímio e empírico Mandraque do mercado financeiro, em
artigo publicado na Folha, dia 4 último, referiu-se às empresas e
trabalhadores da ZFM, espalhadas por todo País, como uma ‘mamata
que apenas em renúncias fiscais consumiu algo como R$ 28 bilhões/ano
entre 2012 e 2016’. Ele reportou-se, com este calão e baixo nível,
ao maior acerto fiscal da história da República, amparado na Carta
Magna, na busca de redução das desigualdades regionais.
O
dicionário diz o que significa mamata. ‘…empresa ou
administração pública que dá ensejo de vantagens pecuniárias a
políticos e funcionários desonesto; ou...ganho desonesto; vantagem
pecuniária ilícita obtida em operação ou transação de órgão
público por meio de suborno, tráfico de influência etc.;
comedeira, ladroeira, negociata.’ Este cidadão, que se diz formado
no Primeiro Mundo, sem perceber, oferece elementos para a compreensão
de seu caráter.
Paraíso
do Fisco
Aqui
no Amazonas temos 500 empresas que sobrevivem às manobras da
corriola da qual elevadas parte, ao olhar o mercado como uma ciranda
financeira e a sociedade como espaço de manobras de enganação para
alguém se dar bem. Não conhece a história do empreendedorismo
da Amazônia. Nem será capaz de entender a decência de muitos
de seus patrícios que aqui vivem, sem mamata, a construir a
prosperidade regional. Fomos alertados pelos docentes da USP e da
UFMG que uma caça às bruxas, ou aos bodes, estaria em movimento.
Não
menciona o estudioso que a renúncia fiscal da região Sudeste, a
mais rica do Brasil representa 53%, de toda a renúncia fiscal do
País contra 12% da região Norte, a mais pobre. Aí residem os
clientes de sua consultoria especulativa. Ao dito economista, também,
não importa reconhecer a tese de doutorado da FEAUSP sobre a
Distribuição da riqueza na Zona Franca de Manaus”, onde
ficou demonstrada com nota máxima e louvor que 54,42% da riqueza
produzida na ZFM é recolhida aos cofres federais.
O
número usado por Schwartsman é fictício, como suas ilações
financeiras para ensinar investidor a se dar bem, pagando bem. Ele se
junta ao humorista que, disfarçando sua piada vigarista, usou,
recentemente, investidores e colaboradores da Zona Franca
de Manaus para agradar a uma colega de trabalho, num caso
passional, agredindo um empresário da região. Alguém me diga por
que tanta hipocrisia, reforçada pela pena quase prudente de Celso
Ming, subitamente transformada em canguru da notícia que se
restringiu a um número sem olhar o contexto de sua dignificação.
De
quem é a mamata?
Vamos
abstrair a Zona Franca, demitir, por exemplo, 7 mil colaboradores da
Honda, a maior empresa de motocicletas do mundo, que é capaz de
produzir o modelo 125, em 22 segundos, com 85% de verticalização
industrial nacional. Os exemplos se alastram e não importa se esse
batalhão de desempregados transformem a floresta em meio de
subsistência. A renúncia fiscal da Amazônia inteira,
incluindo Tocantins, dois terços do território nacional, é
irrisória perto dos incentivos que alimentam o São Paulo desde JK.
E
se essa floresta for removida, como ocorreu em outras regiões
amazônicas, de onde o Sudeste vai retirar água para abastecer seus
reservatórios ou energia para a população? A Zona Franca, a
rigor, é do Brasil, pois fornece produtos de qualidade a preços
adequados a todos os lares e empresas do Brasil. O Estado do Amazonas
é um dos 8 que devolve a União, em arrecadação de tributos,
valores maiores que o repasse compulsório que os Estados recebem.
Responsável por 48% da arrecadação de tributos de toda a região
Norte, o Amazonas, recebeu nos últimos 6 anos apenas 7 bilhões
do BNDES dos 1 trilhão de reais que foram investidos no
País, o Estado de São Paulo recebeu R$243 Bi, mais que todos os
Estados das regiões Norte e nordeste juntos.
Lá
e aqui
As
empresas que lá, na região mais rica do país, estão operando não
suportariam a carga tributária e burocrática do custo Brasil, e
rumariam para o Paraguai. No Amazonas a renúncia fiscal é
compulsória e atinge tão somente a população. Neste paraíso do
fisco, a sociedade se vê desfalcada da riqueza que a ZFM recolhe
e lá deveria ser investido. Em São Carlos, na unidade de
Instrumentação, a Embrapa investiga, em seus laboratórios de
Nanotecnologia os clones de seringueira, a árvore da fortuna que
criou, há cem anos e por três décadas, o ciclo da borracha
na Amazônia.
O
laboratório custou R$3 milhões e nos permitiriam retomar com vá-se
tecnológica este ciclo de riqueza na população. Sabe porque não
criamos? Nos últimos 5 anos as empresas de informática recolheram
R$ 2,4 bilhões para pesquisa & desenvolvimento na Amazônia.
Há 4 anos, um centavo não fica na região. Mamata sem mãe,
Alexandre! Pois só as mães nos ensinam que devemos dizer a verdade
em base no conhecimento objetivo da realidade.
(*)
Wilson é economista, presidente do Cieam, e vice-presidente da
Technicolor para a AL.
NOTA
DE ESCLARECIMENTO
Nesta
segunda-feira, depois de idas e vindas na negociação com a direção
da empresa, o DCI publicou o resumo deste artigo do presidente
do Cieam, Wilson Périco, sob o título ‘De quem é a mamata’,
A SER VEICULADO NESTA QUINTA. Não apenas pelo espaço reduzido que
oferecem para os articulistas, mas por restrições editoriais quando
é citado um veículo ou um autor em clima de acusação é resposta.
Esta norma é comum aos veículos do Sudeste que costumam dar espaços
a acusações infundadas, ou seja, não acompanhadas de informações
documentadas, causando prejuízos de toda ordem, difíceis de
contornar. Agradecemos ao DCI o espaço mas reiteramos, aqui, nossa
indignação contra o conjunto da mídia que insiste em alimentar
distorções e difamações. O artigo de hoje é mais um que
esclarece, mas não consegue conter essa infâmia
institucionalizada”.
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