quarta-feira, 19 de julho de 2017

CADA VEZ PIOR!


Em 2009, nas conclusões de minha modesta obra sobre “Insegurança Pública e Privada” declarei textualmente que os agentes armados do crime desafiam  o Estado e chegam a exercer um poder paralelo em inúmeras localidades. Chefes de facção, embora presos, continuam a comandar ações criminosas contra a população, afrontando o poder público.
Meu trabalho baseou-se, também, no relatório da ONU, de 2008, sobre criminalidade no BRASIL que afirmou, dentre outros argumentos, o seguinte:
- as megaoperações policias  de nada servem;
- a justiça criminal é demasiadamente lenta , contribuindo para a impunidade;
- o crime organizado impõe suas próprias leis, principalmente em SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO e RECIFE;
- a presença do Estado é tão ausente que policiais só entram em determinadas localidades mediante confronto armado.
De lá pra cá a situação piorou muito!
No RIO DE JANEIRO, por exemplo, o estado de tensão é permanente. Nem as mulheres grávidas são poupadas, sendo vítimas de agressão de assaltantes, atropelamentos propositais ou balas perdidas que atingem seus fetos.
As cenas de guerra são frequentes, principalmente nas comunidades carentes. Arrastões sistemáticos e assaltos rotineiros à luz do dia. A violência está transformando estádios de futebol em campos de batalha. Caixas eletrônicos são implodidos e os carros-fortes com seus seguranças são vulneráveis à audácia dos criminosos.
Milhares de turistas estão sendo orientados a respeito dos perigos na cidade outrora considerada maravilhosa e empresas têm cancelado viagens por falta de adesões.
O programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) teve sucesso inicial e serviu de plataforma política para reeleição ao então Governador SÉRGIO CABRAL, ora enrolado nas teias de aranha da corrupção.
As UPPs não foram exitosas no seu prosseguimento porque não receberam as necessárias e prometidas obras de infraestrutura, além dos meliantes continuarem atuantes nas suas regiões de homizio com enorme influência sobre a população local.
A pré-falência do Estado contribuiu para a proliferação dos chamados “black spots” e o retorno das milícias, deixando os moradores sem saberem a quem recorrer.
A insegurança privada e pública é generalizada, piorando a cada dia sem perspectivas de solução a curto prazo por falta de policiais,  recursos, motivação, autoridade e de vontade política.
No restante do País a situação também é alarmante.
Na SÍRIA, em 4 anos, morreram 256mil pessoas em ambiente de guerra. No BRASIL, no mesmo período, quase279 mil foram vitimadas pela violência. Cerca de 60mil morrem por ano em decorrência de armas de fogo. Proporcionalmente, SERGIPE, ALAGOAS E RIO GRANDE DO NORTE são ainda mais atingidos do que o RIO DE JANEIRO.



Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nossa Polícia é a que mais mata no mundo mas, infelizmente, a que mais morre.
Os tráficos de armas e de drogas agravam o problema e não têm sido encarados pelas autoridades de diferentes níveis com o enfoque e prioridade merecidas.
Mais da metade dos mandados de prisão não são cumpridos porque inexistem locais para alojar tantos delinquentes que ainda recebem salário-prisional. E com a Lava- Jato houve maior congestionamento razão pela qual defendemos a tese de que os corruptos devem ser sancionados com o ressarcimento aos cofres públicos, com as devidas correções, de tudo que surrupiaram.
É inadimissível que marginais possam dispor das prerrogativas do cidadão comum. Os apenados por  crimes hediondos e sequestros não devem, sequer, gozar de abusivas  regalias concedidas aos demais presos.
Atualmente, nem as pessoas de posse dispondo de custosos meios tecnológicos têm assegurado o seu direito de ir- e- vir com tranquilidade, Muitos vivem em seus presídios domiciliares.
As medidas policiais repressivas são casuísticas e só servem para estancar a sangria  momentaneamente, sendo que algumas vezes, involuntariamente, contribuem para aumentá-la com as balas perdidas atingindo inocentes,
O Governo precisa estar convicto da necessidade do desencadeamento de ações preventivas em todos os campos do Poder para o benefício da população.
Neste contexto, os papéis da Inteligência e das Informações são de vital importância.
Apesar da preocupante instabilidade política e da desunião nacional, nossas vulnerabilidades  e insegurança só serão superadas com muita vontade, coragem, sem demagogia, com alocação de recursos, superação de antagonismos e o imprescindível apoio do povo.
Os criminosos não podem desfrutar de maior liberdade do que os homens de bem.
WILHEM VON HUMBOLDT, grande filósofo alemão, já preconizava há mais de 200 anos que a função precípua do Estado é garantir a segurança no seu amplo sentido. O que diria se vivesse no BRASIL de hoje?
Diógenes Dantas Filho- Coronel Forças Especiais/ Consultor de Segurança



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