terça-feira, 25 de abril de 2017

DUAS VIDAS - Marlene Galeazzi

Hoje completo minha maioridade. Soa estranho para uma pessoa da terceira idade, mas é pura verdade. E sabem o porquê? Simplesmente porque até agora tive duas vidas. A primeira, que me fez nascer do ventre de minha mãe, e que é coisa do passado. A segunda, foi a que me fez nascer da vontade de Deus. É a minha segunda vida e é a que interessa. Hoje comemoro mais um ano da primeira, a que me deu direito a registro em cartório. Mas neste semestre estou comemorando 21 anos da segunda, que me fez renascer, depois de enfrentar dias difíceis, nebulosos, assustadores mesmos, ao enfrentar uma cirurgia de mais de 12 horas e várias sessões de quimioterapia. Um tempo em que jamais perdi a esperança, procurando levar tudo como se fosse uma brincadeira que iria passar. E que passou, graças a Deus. Duas vidas e muitas histórias para contar. Não no papel, porque isto foi reservado para as minhas reportagens. Mas contadas e relembradas para mim mesma. Sempre na calada da noite, no mergulho do meu ser pela imensidão do universo, no aconchego do meu travesseiro e no acalanto de minha alma. Duas vidas e muitas histórias. Muitos amores, muitos desamores. Muita fidelidade, muitas traições. Muitos acertos, muitos erros, muitos enganos. Muitos tropeços em pedras pelos caminhos que eram para ser apenas forrados pelas pétalas da felicidade. Muitos enganos ao abandonar caminhos seguros para enveredar por estradas tortuosas, perigosas e traiçoeiras. Coisas da vida mas, principalmente, para quem teve a oportunidade de, numa existência só, viver duas vidas.
Hoje, junto a natureza que tanta paz me dá, ao lado das crianças que amo, agradeci a Deus por tudo o que vivi e, possivelmente, pelo que ainda viverei. Agradeci também pelas lições e o aprendizado que as duas vidas me deram e vem me dando. Lições que me ensinaram que, definitivamente, o dinheiro não compra a felicidade, que jamais, em tempo algum, devemos usar as pessoas para alcançar nossos objetivos, que devemos guardar e respeitar nossos amigos e nossos amores como se eles fossem tesouros raros que encontramos nos garimpos de nossas existências, que a sinceridade, a lealdade e a transparência de nosso atos, é um bem que não tem, preço. Aprendi também que o trabalho e a caridade devem estar presentes em todos os momentos de nossa vida. E, principalmente que a vida é como uma roda gigante. Quem nela está,uma hora fica lá em cima. Outra, fica lá em baixo. E que tudo o que fizemos para os outros, de ruim ou de bom, um dia volta ao nosso colo. Para vocês, amigos reais, leais e queridos, que lembram de mim neste 24 de abril, os meus mais sinceros agradecimentos. Que Jesus, a Virgem Maria e os espíritos iluminados, sempre estejam presentes em suas vidas.

Um comentário: