O senador Fernando Collor (PTB-AL), em discurso nesta segunda-feira (10), afirmou que a crise no Senado e o movimento para tirar da Presidência da Casa o senador José Sarney (PMDB-AP) são "um jogo político em que forças a favor e contra o governo Lula estão se digladiando, tendo como pano de fundo as eleições de 2010". Para ele, esse jogo político, feito às vésperas do processo eleitoral, "inibe alguns parlamentares de tomarem posição de acordo com a sua consciência e razão". Assim, observou, pela proximidade das eleições, os senadores "optam por ouvir o intangível ruído das ruas", a exemplo do que aconteceu com ele na época do impeachment, em 1992, quando foi afastado da Presidência da República.
- A multidão e a sua vontade nem sempre ou quase nunca tem razão. A razão é alcançada com base numa reflexão profunda dos fatos que estão nos cercando e do conhecimento desses fatos - afirmou.
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Ao comparar a situação vivida por Sarney com seu impeachment, Collor declarou que seus adversários desrespeitaram as leis do país, cassando seus direitos políticos.
- Sofri e muito, arrancaram-me o mandato, levaram-me a mãe, dispersaram minha família - disse ele, salientando que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Senado, José Sarney, à época também apoiaram seu impeachment, mas mesmo assim ele não deseja que sofram o mesmo.
Collor, assim, classificou seu apoio a Sarney e Lula como "insuspeito", dados os fatos do passado. O parlamentar afirmou ser uma pessoa isenta para defender Sarney e o governo de Lula.
- Por ter passado por essa experiência não desejo isto a ninguém, mesmo os que estiveram em campos opostos nos idos de 1992. Não desejo que ele [Sarney] seja alcançado por essas injurias, calúnias, mentiras - afirmou, criticando a imprensa.
Parte da mídia brasileira, disse, deseja impor uma linha de pensamento único: "Temos que mostrar a força. Temos que tirar José Sarney da Presidência". Ele pediu que a nação faça uma reflexão e veja onde está "a verdade e a mentira em cada uma das representações feitas contra o senador Sarney", aprofundando a leitura da peça, e não se deixando levar pelo lead e títulos das matérias, ou pelo "humor dos colunistas e cronistas". É possível, disse, ter acesso às interpelações e representações ao Senado, para lê-las na íntegra e então discutir o problema com profundidade, evitando fazer do presidente do Senado "a bola da vez".
Collor afirmou que a mídia não conseguirá seu intento; não fará com que o Senado "se agache diante dela", porque a Casa é muito mais alta do que isso.
- Há que se respeitar esta Casa porque há que se respeitar o processo democrático - declarou.
O senador asseverou que a Mesa vem tomando as providências a respeito das denúncias de irregularidades "de forma adequada, sem que se impeça, nem ao Ministério Público, nem à Polícia Federal, que tomem as atitudes que julguem convenientes".
Collor também defendeu as expressões que usou na semana passada, em Plenário, contra o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
- Aqueles que têm problemas com o verbo 'engolir' sofrem de regressão e não conseguiram passar da primeira infância, na fase oral - declarou.
Leia o pronunciamento na íntegra, clicando aqui
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