sexta-feira, 8 de abril de 2011

Said Barbosa Dib




Sérgio Cabral, com rosto nitidamente abalado na coletiva depois do massacre, mostrou a perplexidade e a indignação naturais de qualquer ser humano normal diante de ato tão bárbaro. Fez questão de destacar o heroísmo do sargento Márcio Alves que, segundo confessou o próprio Cabral, “há quatro quadras do colégio, participando de uma blitz de trânsito”, foi procurado por crianças que “choravam muito e pediam socorro”. Segundo depoimento do bravo Márcio Alves, ele, então, “correu para o colégio e, na porta, ouviu tiros”. Sozinho, o sargento entrou na escola e se deparou com a besta no corredor. Fardado, Alves efetuou “disparos de pistola em direção ao tórax do atirador e pediu para ele que largasse as armas”. “Ele caiu na escada, consegui impedir que chegasse ao terceiro andar, e se suicidou com um tiro na cabeça”, esclareceu o sargento. Observação: o sargento realmente é um herói. Não teve tempo de salvar os 12 jovens já ceifados e os vinte e tantos feridos, mas evitou que a tragédia fosse muito maior. Não conseguiu não por falta de coragem e determinação pessoal, mas porque havia quatro longas quadras de distância entre o colégio e a polícia. E isto por pura sorte, pois se a blitz não estivesse ali preocupada em multar as vans, simplesmente a chacina teria sido muito maior. Isto porque, feridas e apavoradas, algumas crianças (também heróicas) tiveram que correr as quatro quadras, se esvaindo em sangue, até conseguirem a ajuda do herói policial. E este, teve ainda que correr as mesmas quatro quadras de volta para chegar ao local dos crimes. Quer dizer: não se pode evitar totalmente a subjetividade de uma mente doentia que resolve provocar uma carnificina, mas se houvesse a presença objetiva e constante de uma guarda escolar, em um bairro sabidamente complicado em termos de segurança, talvez o meliante tivesse tido menos sucesso em sua ignomínia. E aí, Cabral, não há discurso ou choro que explique a ausência do Estado na proteção das nossas crianças. É omissão mesmo. E culpa e negligência. A Dilma, como mulher, mãe, avó, como ser humano, enfim, chorou. E acredito na honestidade de sua compaixão. Mas... como presidente.... Não sei. Talvez tenha pensado, com um sentimento de culpa terrível, no quanto sonega em investimentos necessários em segurança, saúde e educação para a população, apenas para pagar a agiotagem dos juros junto aos banqueiros...

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