Nas décadas
de 1960 e 1970, LEONEL BRIZOLA era praticamente odiado pelos militares,
principalmente por ter apoiado a Revolta dos Sargentos em BRASÍLIA e tê-los
insuflado a derrubar comandantes e prender oficiais considerados “gorilas”,
abalando, assim, princípios basilares da Instituição fundamentados na ordem e
no respeito à hierarquia.
BRIZOLA,
quando Governador do RIO GRANDE DO SUL, foi decisivo para a posse de JANGO após
a renúncia de JÂNIO QUADROS.Liderou a Campanha da Legalidade e com muita
coragem neutralizou os movimentos contrários a seu cunhado. A ele também foi
leal durante a deposição em 1964, acompanhando-o até ao exílio no URUGUAI.
Posteriormente,
algo de muito sério deve ter ocorrido no relacionamento dos parentes que a
História ainda não revelou de modo preciso.
HÉLIO
FERNANDES, um dos ícones do Jornalismo nacional pela cultura, lucidez,bravura e
independência, declarou que por ocasião da Frente Ampla lançada em 1966 e liderada por JUSCELINO,
LACERDA e JANGO, este não a assinaria se BRIZOLA também o fizesse como afirmou
a LACERDA. Coisas surpreendentes da vida e da política. LACERDA e JANGO juntos,
BRIZOLA e JANGO separados!
Na
adversidade os extremos se aproximam e os amigos desaparecem!
Em 1979, o
Presidente FIGUEIREDO decreta a Anistia incluindo todos os brasileiros,
inclusive os que a própria Oposição não desejava naquele momento porque
capitalizariam votos nas eleições que se aproximavam, preterindo políticos que
aqui combatiam os governos militares. E foi o que ocorreu!
BRIZOLA
retorna ao BRASIL, funda o PDT e se elege Governador do RIO DE JANEIRO.
Inesperadamente, faz questão de visitar
seu inimigo, o ex -Presidente no ostracismo, para manifestar agradecimento e
oferecer seus préstimos.
No Governo
COLLOR, ficou grato aos ministros militares que não fizeram qualquer objeção ao
traçado da Linha Vermelha passando por cima e nas proximidades de
aquartelamentos pertencentes às Forças
Armadas.
Os CIEP’s de
BRIZOLA motivaram COLLOR a fazer os CIAC’s e isto os aproximou bastante, tendo
DARCY RIBEIRO como traço de união.Hoje,
sentimos a falta de apoio a tão importantes sistemas sociais de educação.
Durante o
processo de impedimento, aconselhou à uma autoridade do Palácio do Planalto a
tomar medidas preventivas que garantissem a vida do Presidente. Já tinha
participado do calvário de GETÚLIO VARGAS e sabia da volubilidade da opinião pública diante de
situações traumáticas. Chegou a alertá-lo de que poderia ser levantada a hipótese da omissão,
incriminando inocentes se algo de grave
ocorresse.Este foi um dos argumentos para a negociação com o Presidente ITAMAR
do efetivo da equipe de apoio a COLLOR após o julgamento na Câmara dos
Deputados, infinitamente inferior ao da Presidente DILMA em condições
semelhantes, até o epílogo da novela no Senado Federal.
Nas eleições
de 2002, o líder carismático e seu PDT apoiaram a chapa de CIRO GOMES e tudo
levava a crer que chegariam ao 2º turno
com chance de vitória final porque BRIZOLA tiraria, sem dúvida, muitos votos de
LULA. Mas tal não aconteceu. CIRO GOMES cometeu erros infantis no final da
campanha e chegou em 4º lugar, com 12% dos votos, e SERRA em 2º com mais de
23%. A História do BRASIL poderia ser outra se o resultado daquelas eleições
fosse diverso já que não estaríamos vivenciando o atual panorama desolador sob
todos os aspectos.
BRIZOLA
também começa a ser esquecido e conta com poucos amigos leais. Na residência de
um deles, ex- Secretário de Governo na sua gestão no RIO DE JANEIRO, gostava de
se reunir para contar histórias e estórias de sua vida. Apreciava ouvir
opiniões diferentes principalmente de militares da reserva que admirava e que
eventualmente eram convidados, apesar das profundas diferenças políticas e
ideológicas que os separavam.
Pouco depois, em 2004, BRIZOLA faleceu em
momento inesperado já que estava saindo do hospital.
Os
ressentimentos são muitos grandes e compreensíveis, ainda continuam e só o
tempo poderá atenuá-los.Mas existem “causos” que permanecem atuais e merecem
ser recordados porque são grandes lições de vida, independentemente dos
personagens, radicalismo,
posicionamentos conflitantes e dos antagonismos de toda ordem.
DIÓGENES
DANTAS FILHO- Coronel Forças Especiais/ Consultor de Segurança
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