quarta-feira, 20 de maio de 2009

Carta do senador Sarney ao jornal "Folha de S. Paulo"

PAINEL DO LEITOR
Folha de S. Paulo


Maranhão

"Em relação ao texto "Babaçuais ondulantes" (Opinião, ontem), agradeço a oportunidade para interpretar o porquê do documentário do meu amigo Glauber sobre minha posse no governo do Maranhão (1966), hoje um clássico do cinema brasileiro.
Ele mostrou a sobrevivência de um Brasil colonial nos costumes políticos, "troncos" em lugar de cadeias, apenas um ginásio oficial em todo o Estado, nem um quilômetro de estrada asfaltada, nem uma escola oficial de nível médio no interior e apenas duas faculdades.
Criamos a universidade, e meu lema de governo foi "uma escola por dia, um ginásio por mês, uma faculdade por ano". Hoje o Maranhão possui energia em todos os municípios, estradas asfaltadas que ligam todo o Estado, três estradas de ferro (a São Luís-Teresina, a São Luís-Paraopebas e a São Luís-Estreito), a melhor infraestrutura de transporte do Nordeste e o 17º PIB nacional. Alguns índices sociais são péssimos, mas iguais ou melhores do que os de favelas em São Paulo e no Rio de Janeiro. O Estado tem o maior rebanho bovino do Nordeste.
Fui governador do Maranhão apenas uma vez, de 1966 a 1970, e Senador em duas ocasiões, em 1970 e em 1978. Há 30 anos não concorro a eleição no Estado. Dos governadores que me sucederam, alguns foram meus inimigos. Assim, não sou o responsável por tudo de atraso que foi feito, que eu condeno, nem o Maranhão é essa cubata que divulgam.
É um Estado de grande nível cultural e orgulho dos maranhenses. Essa história de minha longevidade como "cacique" e "oligarca" são coisas que não correspondem à minha vida de intelectual e de homem avesso à violência e aberto à conciliação e ao diálogo."

JOSÉ SARNEY (Brasília, DF)

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