domingo, 6 de março de 2011

Na mira do Belmiro

PIB, avanços preocupantes

Quem, rigorosamente, se levantaria contra o reajuste do Programa Bolsa Família, dentro da perspectiva política de distribuição de renda num país que ocupa os primeiros lugares no ranking mundial de concentração de riqueza? Ninguém, em sã consciência. Ninguém, se se considera ainda o crescimento de 7,5% do PIB, a somatória de todas as riquezas produzidas pelo país em 2010, de acordo com a publicação do IBGE. A propósito do Programa, já manifestamos ponderações sobre a eficácia, distorções e alternativas que poderiam emprestar resultados de médio e longo prazo mais coerentes e consistentes na ótica do desenvolvimento humano e social, integrado e sustentável no âmbito da brasilidade e equidade nacional. Um caminho mais espinhoso, porém, mais promissor. Retumbante na ótica da publicidade institucional, os 7,5% do PIB é maior do que o dos países centrais, União Européia incluída, e destacado entre os emergentes. Aproximando a lupa da acuidade real, porém, o PIB, somado com o de 2009, não chega à metade do desempenho bombástico e vem caindo, em 2010, a partir do segundo semestre. Os riscos da inflação que retorna, os excessos da folia eleitoreira recente, e a ampliação desordenada do crédito, sem as ressalvas e ajustes de praxe, entre outras pirotecnias, tudo sugere a artificialidade do índice e necessidade de uma revisão mais profunda na metodologia viciada de controlar a economia com o tacão das extorsivas taxas de juros e outras façanhas. Artificialidades fiscais para promover resultados fictícios, que pouco avança em termos da sustentabilidade efetiva do crescimento. É emblemática a a preensão do setor produtivo com a ameaça dos importados e as restrições de crescimento impostas pelo colapso de infraestrutura, sobretudo de transportes e energia. Daí as indagações sobre a eficácia do programa de distribuição de renda. Pouco depois de anunciar cortes nos gastos públicos, uma imposição do bom senso para reduzir a cangalha tributaria, e promover a atividade produtiva, com a geração de novos empregos, o governo monta o circo mais uma vez de sua sustentação política anunciando reajustes significativos no referido programa. É a recorrência preguiçosa à solução da inércia que se alimenta da cangalha fiscal. Não foi à-toa que a presidente Dilma fez uso – por força do Dia da Mulher - de um programa de apelo popular, familiar e doméstico para dizer, indiretamente, de sua disposição em – se faltar recursos – resgatar a imoralidade da CPMF. Assim, com o pires alheio e a generosidade compulsória do cidadão, segue a procissão das boas intenções em busca do milagre das transforma ções. Até quando?


Zoom-zoom


Oportunismo barato – as movimentações políticas para desestabilizar a gestão municipal seguem a pleno vapor, visando impedir o mandato do prefeito Amazonino Mendes, pela infelicidade de sua manifestação no episódio de uma cidadã migrante, moradora de área de risco. O prefeito já desculpou-se publicamente mas o episódio – infelizmente – virou moeda de embate político.


Jogo de cintura – as dificuldades entre prefeito e oposição são conseqüência da inabilidade de parte a parte em levar adiante o interesse público dentro das regras do jogo democrático, de respeito e condução do interesse público. E isso não aconteceu agora, é fruto de interferências alheias, conectadas a interesses escusos de uma traquinagem crônica antiga, perversa e estéril.


Prioridades proteladas - Enquanto isso, a questão do uso e ocupação do solo urbano, por exemplo, descuidada com o arquivamento da discussão do Plano Diretor, são deixadas de lado pelo despreparo e omissão do Poder Legislativo.


Soluções medonhas – Depois do atraso com a adoção de motocicletas como meio de transporte público, nesta semana estamparam nos jornais a imagem de um triciclo, oferecida como panacéia, mais uma, para enfrentar o caos dos transportes. Tenha dó.


Belmiro Gonçalves Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas

belmirofilho@belmiros.com.br

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