MANAUS – A indicação do coronel reformado do Exército
Alberto Menezes para dirigir a Suframa(Superintendência da Zona Franca de
Manaus) é uma oportunidade para a autarquia resgatar a autonomia e autoridade
que “se perderam ao longo do tempo”, disse o presidente do Cieam (Centro das
Indústrias do Estado do Amazonas), Wilson Périco, em entrevista ao ATUAL. O
empresário defende que a Suframa deve ser considerada na reforma tributária
proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) sem ferir o direito assegurado na
Constituição Federal de conceder incentivo fiscal.
“O coronel Menezes tem todo o nosso apoio. A indicação do
nome traz sentimentos que se alinham com a atitude do atual governo. Não é uma
indicação partidária, é calcada em relacionamento e confiança da parte do
presidente da República, da cúpula do governo, que são as forças armadas. E ter
uma pessoa como essa que conta com o apoio verdadeiro da Presidência da
República para conduzir os assuntos de interesse e de direito da nossa região é
vista com bons olhos. É a oportunidade que nós temos de resgatar a Suframa com
a autonomia, a autoridade que já teve um dia. Características essas que já foram
perdidas ao longo do tempo”, disse Wilson Périco.
Wilson Périco disse não conhecer pessoalmente o coronel
Alberto Menezes, mas garante que não se trata de uma indicação
político-partidária, mas de confiança da Presidência da República, dá ao novo
superintendente a “tranquilidade para tomar as decisões que entender
convenientes e acertadas para a região” sem influência de políticos, como
ocorria em governos anteriores.
Tecnicidade
De acordo com o empresário, a Suframa terá a oportunidade de
trazer as discussões de temas de interesse dos investidores, como os PPBs
(Processo Produtivo Básico), que autorizam a produção no âmbito da ZFM. Antes
disso, quando a Suframa ainda fazia parte do MDIC (Ministério do
Desenvolvimento,Indústria e Comércio), os PPBs eram “obstruídos nos corredores
de Brasília pelos técnicos” do ministério.
Para o empresário, nos últimos anos a tecnicidade, autonomia
e independência da Suframa foram “deixadas de lado”. Isso porque, segundo ele,
tudo era decidido em Brasília e de acordo com os interesses políticos.
“Os recursos arrecadados pela Suframa, que não ficam aqui,
deveriam ser geridos pela superintendência para serem aplicados não só no
Amazonas, mas também nos estados onde a Suframa tem gerência. Isso foi trocado
por apoio político. Trocaram esses recursos por aprovações de medidas
provisórias para que determinados políticos e seus estados se beneficiassem
politicamente, focando na permanência na atividade política”, afirmou Périco.
Reforma tributária
Sobre a reforma tributária anunciada pelo novo governo
federal e que pode reduzir incentivos fiscais que beneficiam empresas
instaladas na ZFM, Wilson Périco afirmou que a fala do ministro da Economia
Paulo Guedes “não questiona a constituição federal”. “Ele está falando daquilo
que foi dado em algum momento pelo governo para favorecer segmentos, como a
indústria automobilística, autopeças, informática, que não tem vínculo com a
nossa realidade”, disse o empresário.
De acordo com Périco, a Suframa deve ser considerada em
futura reforma tributária proposta pelo Governo Federal e não ser pensada de
forma “perene”. “A reforma tributária é importante e nós temos que ser
considerados a ponto da constituição se manter respeitada, ou seja, as
diferenças comparativas do nosso modelo serem preservadas. Nós não somos o
patinho feio da história. Eu digo, de novo, nós estamos muito longe de ser o
peso para a economia do país. Boa parte das soluções dos problemas do país está
aqui na nossa região e nós vamos participar disso”, afirmou.
Impactos ambientais
“O modelo Zona Franca, se acabar, tira toda a geração de
riqueza e renda do Amazonas”. Foi o que disse o Wilson Périco ao falar sobre
questões ambientais que envolvem o desenvolvimento de novas matrizes econômicas
no Estado.
De acordo com o empresário, o impacto social seria
“tremendo”. “Hoje nós estamos falando de aproximadamente 500 mil pessoas aqui
na cidade de Manaus que tem seus empregos direto e indiretamente provenientes
da atividade da indústria”, disse Wilson Périco.
Para o empresário, sem o incentivo fiscal e levando em
consideração as questões de infraestrutura, que, segundo ele, são muito
deficientes, e os custos logísticos para acesso aos insumos e entrega de
produtos ao mercado consumidor, “dificilmente teríamos o Estado com a
sustentação socioeconômica que nós temos hoje”.
Périco critica o impedimento da exploração de riquezas na
região amazônica e, como exemplo, cita a descoberta da jazida de potássio no
município de Autazes (a 111 quilômetros de Manaus), que não foi explorada por
questões ambientais.
“Mapearam a segunda maior jazida de potássio do mundo.
Quando fizeram o diagrama, ela passa por um pedaço de uma reserva indígena. Mas
ela está a um 1 quilômetro de profundidade. O cidadão que está em cima não vai
perceber o que está acontecendo ali”, afirmou o empresário.
O presidente do Cieam também citou a BR-319 e disse que a
Suframa deve ter “inteligência, determinação e vontade política de conseguir
objetivos”. “Inteligência para encontrar as alternativas caso algum impacto
venha acontecer, como serão as contrapartidas. Perseverança e determinação para
discutir isso em um fórum transparente, que não seja capitaneado por outros
interesses que não seja o do país. E inteligente e competência para buscar as
melhores alternativas. Temos que fazer essa autocrítica”, disse Périco.
https://amazonasatual.com.br/suframa-sob-dominio-militar-e-chance-para-resgatar-autonomia-diz-empresario/
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