É inconcebível que detalhes de
operações policiais exitosas para desbaratar quadrilhas criminosas sejam
minuciosamente informados para divulgação pela mídia.
É dever do militar guardar sigilo
sobre os meios e procedimentos empregados para derrotar o inimigo em operações
de combate ou de Inteligência. O vazamento dos mesmos antes de sua execução
será prenúncio de fracasso. Após a vitória, também não podem ser revelados para
negá-los ao oponente e preveni-los em ações deletérias futuras.
Nem todos podem ter conhecimento
de tudo!
Existe uma Seção de Informações
em todos os Comandos, com pessoal treinado e especializado, para fazer este
controle e definir quem pode conhecer assuntos sigilosos e procedimentos para
surpreender o inimigo.
É inadmissível dar munição a
bandidos!
Em face dos baixos salários,
inúmeros soldados residem ou foram criados em comunidades carentes onde
constituíram o seu círculo de amizades. É natural e compreensível que procurem
preservá-los se tiverem conhecimento prévio que será realizada uma operação
policial na região. Este aspecto tem que ser considerado para a necessária
manutenção do sigilo.
Criminosos de alta periculosidade
por serem de menor idade (?) não têm
seus rostos expostos e outros procuram escondê-los quando são presos. Será que
a população não merece conhecê-los? Não seria uma forma de protegê-la?
Na madrugada de 14 de junho foi
desencadeada em São Paulo primorosa operação de Inteligência contra uma das
maiores facções criminosas do País, com mais de 30 mil integrantes, atuando em
vários Estados e faturando mais de 400 milhões
de reais por ano.
Com autorização judicial, o
Ministério Público e a Polícia Civil, com cerca de 300 policiais, cumpriram
mandados de busca, apreensão e 75 de prisão.
As ordens eram expedidas de
dentro dos presídios por celulares e mensagens transmitidas por visitantes e
advogados de defesa, incluindo sentenças de morte, sequestros, agitações
urbanas, motins e prestações de contas do tráfico de drogas e de armamentos.
As demonstrações de força da facção não se
limitavam ao desrespeito às autoridades de São Paulo. Tinham raízes também no
Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais, onde comandaram as depredações e incêndios
em dezenas de ônibus.
Os resultados foram excelentes
mas não precisavam revelar como as provas foram obtidas.
Para que dizer, por exemplo, que
os papéis jogados nas privadas pelos líderes da organização criminosa foram
recuperados com legibilidade por terem sido colocadas telas nas tubulações para
retê-los antes de caírem na rede de esgoto.
Este erro os bandidos não mais
cometerão! Terão maior cuidado na destruição e transmissão de suas mensagens.
Os traficantes agradecem mais
este ensinamento generosamente fornecido por policiais boquirrotos e pela ampla
difusão na mídia.
Que inocência! Os policiais não
são amadores!
O sucesso de qualquer
investigação depende da inovação e do sigilo.
Os êxitos e as provas de
operações bem sucedidas devem ser amplamente divulgadas.Todavia, jamais devem
ser revelados os meios utilizados para consegui-las.
A ausência de cultura de proteção
ao conhecimento facilita o acesso de dados
relevantes aos oponentes.
DIÓGENES DANTAS FILHO- Coronel
Forças Especiais/Consultor de Segurança.
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