segunda-feira, 24 de outubro de 2011

José Carlos Werneck


Carlos Lacerda e a ética jornalística

RH Souza escreveu em sua página na Internet, intitulada, “Scripta e Virtual – O blog da cultura e do conhecimento”, a seguinte história ocorrida com Carlos Lacerda,quando era proprietário da Tribuna da Imprensa e que mostra um pouco da personalidade polêmica do jornalista e político, que admirado por muitos e atacado por outros tantos, indubitavelmente é personagem obrigatório quando se trata da política brasileira de 1930 até sua prematura morte em 1977, aos 63 anos de idade. “Carlos Lacerda, cuja impetuosidade política às vezes passava dos limites, era um jornalista de uma ética profissional a toda a prova. Conheci um colaborador da Tribuna da Imprensa, Luiz Lima (já falecido), que me narrou o seguinte episódio: Luiz Lima era o gerente de publicidade da Tribuna da Imprensa e, em certo momento, foi chamado a São Paulo por um grupo de empresários que lhe fez a seguinte proposta: queriam que Carlos Lacerda escrevesse três artigos sobre a indústria do petróleo, artigos de acordo com a linha editorial do jornal e, em troca, fariam uma substancial contribuição financeira à Tribuna da Imprensa que, naquele momento, passava por sérias dificuldades de caixa. Luiz Lima voltou feliz ao Rio de Janeiro, entrou na sala de Carlos Lacerda e falou:
- Carlos, tenho excelentes notícias que vão aliviar a nossa atual falta de dinheiro…
Lacerda ouviu o colaborador com muita atenção e, no final, concluiu:
- Luiz, acho que você não me conhece bem… a minha pena não está à venda…
- Eles não querem nada de mais. Só querem que você escreva três artigos dentro da linha editorial do jornal. Isso não vai comprometer o seu bom nome.
- Então, que façam anúncios na Tribuna…
- Não, eles querem é a sua opinião, os seus argumentos… Consideram anúncios, no caso presente, como sermão encomendado.
- Luiz, já lhe disse que minha pena não está à venda. Considere o assunto encerrado.
Luiz Lima saiu da sala  e ligou para São Paulo informando os empresários da negativa do jornalista e passou a admirar Carlos Lacerda pelo seu  padrão de ética jornalística que ele nem sempre encontrara em outros profissionais com quem trabalhara.
Depois do movimento militar de 1964, quando Carlos Lacerda percebeu que o país estava entrando pelo caminho perigoso da ditadura, tentou um movimento de resistência, chamado de Frente Ampla, unindo-se a Juscelino e a João Goulart, mas o movimento acabou sendo abortado pelos militares. Os três líderes do movimento acabaram morrendo em circunstâncias até hoje não esclarecidas.

José Carlos Werneck. Companheiro de o Globo, amigão verdadeiro de muitas jornadas, Werneck é sangue bom.

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