A senadora Ana Amélia (PP-RS) criticou nesta quinta-feira (30), a intenção do BNDES de emprestar mais de R$ 4,5 bilhões para a fusão dos grupos Carrefour e Pão de Açúcar, obtendo uma participação como sócio. A senadora ressaltou que a fusão permitirá a concentração de um terço do varejo brasileiro nas mãos de um só dono e significará prejuízos não só aos agricultores, mas também aos consumidores.
- Enquanto 30 mil famílias de produtores de arroz em 200 municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina não conseguem que o governo pague o preço mínimo pelo produto, para ao menos cobrir os custos de produção, o BNDES aporta recursos públicos para promover a concentração de aproximadamente um terço do varejo brasileiro nas mãos de um único dono - criticou a senadora.
Ana Amélia afirmou que a operação representa fato juridicamente incerto, já que há disputas societárias com o grupo francês Casino, e perguntou quem pagará o risco.
Em aparte, os senadores Pedro Taques (PDT/MT), Ivo Cassol (PP/RO) e Ataídes Oliveira (PSDB/TO), elogiaram o pronunciamento. Além de criticar o aumento dos recursos para financiamentos do BNDES por meio de medida provisória aprovada na quarta-feira (29) no Senado, destacaram que o banco tem investido pouco nos pequenos empresários.
- Todo mundo fala que o BNDES tem dinheiro para esses pequenos empresários, mas é conversa para boi dormir. É igual a perna de cobra: todo mundo sabe que tem, mas ninguém vê, porque ninguém nunca conseguiu pegar - ironizou Ivo Cassol.
O senador informou que pretende apresentar requerimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para a convocação dos dirigentes do banco, que teriam de explicar o apoio à fusão. Ana Amélia disse que assinará o requerimento.
Pedro Taques também destacou que a maior parte dos investimentos do BNDES se encontra nas Regiões Sul e Sudeste, o que faz com que estados menos desenvolvidos não sejam atendidos.
- Isso descumpre a Constituição, que busca aparar as desigualdades regionais. Nós estamos socializando o prejuízo e capitalizando o lucro. Isso não é digno de um Estado democrático de direito - concluiu.
Fonte: Agência Senado
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