“Pintou na rede é peixe”. Caiu na Internet é Luís Vernando Veríssimo. Batata!
Desconfie de textos repassados com o nome do grande cronista. De modo geral são falsos. O anonimato “façanhudo” (royalties para Darcy Ribeiro) da rede mundial permite equívocos. Sempre que algum espertalhão queira dar algum respaldo as mais variadas e bizarras manifestações, lá está a assinatura apócrifa do genial gaúcho, amante do jazz. Ele mesmo já advertiu que “o mais admirável da internet é que tudo posto nos seus circuitos acaba tendo o mesmo valor, seja receita de bolo ou ensaio filosófico, já que o meio e o acesso ao meio são absolutamente iguais (…) É o texto com autor falso, ou o falso texto de autor verdadeiro”. E adverte: “Ainda não entendi o recado ou a estranha lógica de quem inventa um texto e põe na internet com o nome de outro, mas o fato é que os ares estão cheios de atribuições mentirosas ou duvidosas”. Em uma de suas crônicas, cita o caso de um texto “que circulou bastante, que comparava duplas sertanejas com drogas e aconselhava o leitor a evitar qualquer cantor saído de Goiânia”, que lhe valeu muita correspondência indignada e xingamentos óbvios. Esta é a sina de quem tem sucesso, mas, principalmente, credibilidade: ser alvo de pilantras dos mais variados matizes.
Desconfie de textos repassados com o nome do grande cronista. De modo geral são falsos. O anonimato “façanhudo” (royalties para Darcy Ribeiro) da rede mundial permite equívocos. Sempre que algum espertalhão queira dar algum respaldo as mais variadas e bizarras manifestações, lá está a assinatura apócrifa do genial gaúcho, amante do jazz. Ele mesmo já advertiu que “o mais admirável da internet é que tudo posto nos seus circuitos acaba tendo o mesmo valor, seja receita de bolo ou ensaio filosófico, já que o meio e o acesso ao meio são absolutamente iguais (…) É o texto com autor falso, ou o falso texto de autor verdadeiro”. E adverte: “Ainda não entendi o recado ou a estranha lógica de quem inventa um texto e põe na internet com o nome de outro, mas o fato é que os ares estão cheios de atribuições mentirosas ou duvidosas”. Em uma de suas crônicas, cita o caso de um texto “que circulou bastante, que comparava duplas sertanejas com drogas e aconselhava o leitor a evitar qualquer cantor saído de Goiânia”, que lhe valeu muita correspondência indignada e xingamentos óbvios. Esta é a sina de quem tem sucesso, mas, principalmente, credibilidade: ser alvo de pilantras dos mais variados matizes.
“Wikileaks Brasil” versus Carta Capital?
Aconteceu também com o tal Assange, criador do Wikileaks. O autodenominado “Wikileaks Brasil” disse, nesta terça-feira (8), ter vazado inquérito da Operação Satiagraha, deflagrada em julho de 2008, quando prendeu Daniel Dantas. O site diz ser o inquérito completo. E até disponibilizou tudo: Parte1, Parte2, Parte3, Parte4, Parte5, Parte6. Mas, Natalia Viana, a moça que está concorrendo merecidamente ao Troféu Imprensa, justamente por ser a representante oficial do Wikileaks no Brasil, através da “Carta Capital”, disse que o site Wikileaks Brasil é “organizado por um grupo anônimo sem qualquer ligação com o WikiLeaks de Julian Assange”. E esclarece que “os documentos não chegaram a ser enviados ou analisados pelo WikiLeaks oficial”. Quer dizer: usaram a credibilidade internacional do site para dar uma maior dimensão aos documentos de uma briga local.
Ricardo Noblat: patrimonialismo em nome da arte, pode?
Ricardo Noblat: patrimonialismo em nome da arte, pode?
Outro caso curioso e paradigmático vem da grande imprensa amestrada de sempre, os que vivem de chantagens e “jabás” e que odeiam as instituições nacionais. Ricardo Noblat teve o desplante de publicar um texto aparentemente apócrifo de Luís Fernando Veríssimo. Ele mesmo, só pra variar. O título é “Tiririca e Sarney”. Digo “apócrifo” porque simplesmente me recuso a acreditar que Veríssimo cometeria esta injusta indelicadeza com o presidente Sarney, um homem que foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes, sempre eleito. São 56 anos de vida pública. É também acadêmico da Academia Brasileira de Letras (desde 1981) e da Academia das Ciências de Lisboa. Quer dizer: um intelectual como Veríssimo. E... por que não?, uma indelicadeza com Tiririca também que, afinal de contas, foi eleito. Não é, definitivamente, o estilo de Veríssimo. O texto tem um quê fascista, elitista, aristocrático, rancoroso e preconceituoso, de gente que não gosta nada das regras do jogo democrático. Coisas que não condizem nada com a ironia elegante e honesta de Veríssimo. Me recuso a acreditar. Prefiro a hipótese de que esta seja mais uma reação abestalhada do blogueiro platinado ao processo de modernização e limpeza do Senado empreendida por Sarney que, entre muitas outras coisas saneadoras, acabou com a mamata do senhor Ricardo José Delgado, vulgo Noblat, que tinha um contrato anual de R$ 40,3 mil com o Senado para a produção e apresentação de um programa semanal de jazz "para a Rádio Senado". Como um dom Quixote, o moço lutou para realizar um sonho: ter o seu próprio programa de rádio. Não bastava ter uma bela coleção de jazz, não bastava fazer uma dessas rádios da Internet, onde se posta a suas músicas prediletas para os amigos... Não, ele queria e lutou por mais: queria produzir uma rádio de verdade. E sabendo que tinha muito poder, que poderia melindrar políticos, conseguiu o que queria: transformou seu sonho em realidade à custa do Senado Federal, portanto, de dinheiro público. Seu gosto musical é considerado tão bom (por ele mesmo), que achou que não deveria ficar apenas para ele. Tinha que ser compartilhado. Foi bondoso com o Senado e conosco, a ponto de fazer o sacrifício de doar R$ 1.200,00, religiosamente, todo santo mês, durante quase 10 anos, à instituição Senado Federal. Sem considerar o "tempo perdido" e coisa e tal. Isto é que é bondade.Mas...em nome de boas intenções, senhor Noblat, o Inferno está cheiro. Quando o Senado faz um contrato, sobretudo sem licitação, para lhe pagar o R$ 3.360,00 por mês, estamos falando de dinheiro do Orçamento da União. Eu não conheço nenhum contribuinte que tenha sido consultado sobre a necessidade ou não de se ter o prazer de ouvir, numa rádio pública, os seu gosto musical, por mais qualificado que ele seja. A Rádio Senado tem por função cobrir as atividades legislativas da Casa e, para preencher a programação com atividades culturais e entretenimento, tem uma equipe suficientemente qualificada para produzir qualquer programa cultural. Ou poderia facilmente reproduzir programas das diversas outras rádios educativas. Aliás, seria até bom que se produzisse programas com músicas brasileiras, não necessariamente o jazz, um estilo estrangeiro. Por outro lado, faço questão de reproduzir um comentário de um internauta no “Conversa Afiada’, do Paulo Henrique Amorim, que achei muito pertinente:
“Mas na explicação dada por Noblat, tem outras peculiaridades interessantes. Segundo ele o programa custava R$ 1.200,00. Logo, se estão pagando o ´mensalinho` de R$ 3.360,00, já há um claro superfaturamento aí, uma vez que a justificativa apresentada seria que a rádio arcasse com os custos, e estes seriam de R$ 1.200,00, segundo o próprio Noblat. Entendo que há impostos, etc, mas se sobra R$ 1.750,00 para a produtora e R$ 490,00 para ele, totalizando R$ 2.240,00 líquidos, há um superfaturamento de R$ 1040,00 sobre o custo. Se não é superfaturamento, então não é apenas arcar com os custos, é também arcar com os lucros. Outro exotismo, que não entendi, é por que o Senado faz o contrato com ele, e ele paga a produtora, quando o normal seria o inverso? Esse tipo de triangulação costuma ser empregado nas práticas popularmente conhecidas como “laranjas”, mas longe de mim pensar que seria o caso do abnegado mecenas do Senado. Da mesma forma, longe de mim pensar que tal mecenas seria capaz de fazer o repasse de R$ 1.750,00 à produtora de forma informal, naquilo que vulgarmente é conhecido como caixa-2”.
As questões levantadas são realmente muito pertinentes. E só há uma resposta: o senhor Noblat é daquela espécie canalha de pseudo-jornalistas que falam mal de políticos e instituições apenas para chantageá-los e se darem bem. Noblat fala de patrimonialismo da classe política, mas qual o nome que se dá para a utilização da estrutura do Senado para realizar um capricho seu? É hora dos brasileiros ficarem mais atentos a figuras meãs como o senhor Noblat. As críticas e a atenção da imprensa junto ao Parlamento são sempre positivos, melhora o desempenho dos congressistas e ajuda a identificar ladrões. Mas, ataques sistemáticos da imprensa amestrada contra o Senado, a Justiça e o próprio Executivo, cheiram a nazismo e stalinismo da pior espécie. Estão preparando a população desavisada para se substituir as instituições brasileiras (bem ou mal, eleitas e constituídas pelo povo brasileiro), por tecnocratas associados às ONGs internacionais e entidades multilaterais.
Mas, para melhor compreensão do que ocorre, faço questão que o caro leitor dê novamente uma olhada no que postei há um bom tempo sobre o assunto:
Mídia e Congresso: a tranparência criada por Sarney e a Internet estão acabando com o jabá de colunistas pilantras
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Said Barbosa Dib é historiador e analista político em Brasília
Blog do Said Dib
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