domingo, 5 de julho de 2009

"Nós voltaremos"


Jorge Rubem Folena de Oliveira:

“Sempre que leio a tragédia recaiu sobre a sua vida e seu trabalho, fico cada vez mais orgulhoso do senhor, na medida em que não percebo, em suas manifestações, sentimentos de rancor ou ódio, que seriam naturais diante das circunstâncias reveladas e comprovadas. Ainda bem que existem homens com coragem para lutar e persistir, transmitindo às gerações futuras que um mundo melhor ainda poderá existir. Isto, o repórter nos passa a todo o momento, mesmo nas dificuldades. Como revelei em outra oportunidade, agradeço por seus ensinamentos diários e desejo uma longa vida à sua Tribuna da Imprensa.”

Comentário de Helio Fernandes:

Obrigado, Folena, pela contribuição e a observação. Esse ponto destacado por você é fundamental na minha vida e em toda a participação de dezenas de anos. Jamais tive qualquer ressentimento, odio, rancor ou coisa parecida. Nas varias vezes em que fui para o DOI-CODI, um centro de terror, quase o instante da tortura, não ficava com raiva dos oficiais. Eles tentavam me gozar, dizendo como interrogação: “Então, jornalista, o senhor escreve contra nós, mas acaba sempre aqui”. E riam, alucinada e prazerosamente. Não pensava em me vingar, não queria estabelecer qualquer forma de duelo ou de combate com eles. Eu tinha objetivos, procurava cumpri-los, quaisquer que fossem os obstaculos colocados à minha frente. Nada me impediria, não era a luta de um instante, a batalha de um momento, a convicção que eu logo abandonaria. Quando comecei a lutar, foi muito antes de 1964, do golpe chamado de Revolução. Pois o Brasil tem uma historia cheia de golpes e nenhuma Revolução de verdade (1930 é uma fraude, uma farsa, mistificação completa). Ainda menino, entrei na redação da revista “O Cruzeiro”, era um emprego. mas logo, logo compreendi que seria muito mais do que isso. E não desacreditei jamais. Meu primeiro trabalho de importancia foi a cobertura da Constituinte de 1946.Ali travei conhecimento direto com a politica e compreendi que eles não conheciam Aristoteles, e estavam distantes de compreender que “a politica é arte de governar os povos”. Acabada a Constituinte, fiz entrevista com o general Goes Monteiro e ouvi pela primeira vez a afirmação: “O Exercito é o grande mudo”. Como desde 1889 o Exercito sempre se meteu em tudo, não tive duvida: era impossivel confiar em politicos e em militares. Eles estão sempre juntos, enganando a coletividade. Em 1889, os civis combateram, mas o Poder não ficou com eles. A Republica nasceu militar, militarista e militarizada, mas apoiada por civis. Em 1937, o ditador era um civil, Vargas, garantido pelos militares. E, em 1964, trocaram, os militares ficaram com o poder ostensivo, mas garantidos pelos civis. De qualquer maneira, o bom é a compreensão de um advogado militante como você e tantos outros. Aos que perguntam quando a Tribuna impressa estará nas bancas, respondemos como o general McArthur ao ter que deixar as Filipinas: “NÓS VOLTAREMOS”.

Comentário de Vicente Limongi Netto:

Hélio, és mesmo um grande homem, um autêntico patriota, um cidadão exemplar, um jornalista digno e corajoso, que mesmo nos momentos de dor, perseguiçao e violência que se abateu sobre você, a tribuna e seus familiares e amigos, você jamsi se intimidou, nunca vergou suas convicções aos pseudos valentes de plantão. Poderias há muito tempo estar viajando pelo mundo com dona Rosinha, com os netos, mas preferes a luta diária pela decência, pelo amor a teus semelhantes e, sobretudo, pelo amor ao jornalismo verdadeiro: aquele que não se entrega a mentira nem aos interesses dos patrões, como dizes, com razão, todos analfabetos. vassalos do poder. fazem tudo de ruim aos outros por uma página de anúncio. canalhas!.

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