quinta-feira, 31 de maio de 2018

Conversas das filas

As intermináveis, quilométricas e humilhantes filas em busca de gasolina, pelo menos estão servindo, também, para interagir. Rever e fazer amigos, e conhecer de perto vizinhos próximos. Os motoristas saem dos carros para esticar as canelas, porque as filas andam a passos de tartaruga. Vão se aproximando. Entre um cigarro e goles de água, falam de tudo um pouco. Dos idiotas, oportunistas e covardões, infiltrados nas manifestações legítimas dos caminhoneiros; das calçadas esburacadas, da crescente falta de segurança, da barulhenta Igreja Batista, dos cães ferozes sem focinheira e dos cães, em geral, cujos donos não estão nem aí para a sujeira que os animais deixam pelo caminho; das ruas esburacadas, do transporte público ruim, dos desajustados motoristas que não dão seta ao mudar de faixa e sujeitos folgados que estacionam nas entradas das comerciais. Trocam idéias, ainda, das dificuldades  e transtornos que estão tendo com o dia-a-dia familiar, como levar filhos e netos ao colégio e chegar na hora certa no trabalho.

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