sábado, 9 de novembro de 2013

A falta que o homem faz

Por Carlos José Arantes Esteves

Realmente, a extrema utilização política quando o assunto é a prorrogação da Zona Franca de Manaus é de estarrecer. Véspera de campanhas políticas federais e estaduais, embora campanhas nem tanto enrustidas já estejam sendo feitas na mídia, com recursos públicos e a criatividade do engodo, por alguns marqueteiros cujo interesse, supõe-se, seja apenas empresarial, desvinculado da realidade brasileira, e em prejuízo da consciência do cidadão; diga-se, consciência ativada apenas por esmolas que estimulam a preguiça, não diminuem a violência, não asseguram um futuro melhor para as gerações e prendem o voto a uma falsa esperança. Maior do que França, Inglaterra, Alemanha e Japão juntos, o Amazonas tornou-se um instrumento de palanque e promessas. Sua população e empresários vivem momentos de tensão e de razoável incerteza. Brinca-se com o cidadão. Parece que o Amazonas não faz parte da federação. Desde 1967, data de sua criação, presenciamos pela imprensa a luta dos amazônidas contra parlamentares perniciosos, empresários gananciosos e egoístas, de Estados beneficiados pelo desenvolvimento, não apenas pela excelente localização geográfica mas pela aproximação com o poder central e com os maiores investidores do país. Em 67, o Amazonas era tido com um pólo turístico numa floresta cercada de índios e caboclos navegando em barcos e canoas, negociando a base do escambo, borracha, castanha e juta com alimentos para sua sobrevivência. Das barrancas do Rio Amazonas se via o pouso dos “catalinas” da extinta Panair do Brasil ou dos C-47 da Força Aérea Brasileira levando passageiros, cartas e encomendas do Correio nacional. Vemos hoje a ladainha de sempre nessa época: alguns discursos defendendo a Zona Franca de Manaus que nos apavoram e nos faz questionar sua sinceridade pois hoje tudo é negociado nos bastidores e levado ao público de forma diferente por bem elaboradas campanhas publicitárias. Como faz falta parlamentares como o ex-senador Arthur Virgílio, com suas contestações bem fundamentadas, seguras e muitas vezes inquestionáveis, mostrando sabedoria e trato incisivo na defesa da Zona Franca de Manaus. Realmente, em muitos lugares de nosso país, cada um desses, com suas necessidades pertinentes, seguramente tem um povo sentindo saudades de seus líderes de ontem que se notabilizaram na política com garra e sem os fisiologismos de hoje, sem a dependência constante do executivo, e que respeitavam a opinião pública. Em cada Estado, uma lembrança: “a falta que o homem faz”.

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