O verdadeiro retrato de Brasília ou o buraco negro da capital
“Aviso aos omissos, bajuladores e hipócritas que critico Brasília quando for preciso. A ex-capital de esperança virou um retrato negro. “Exemplo de qualidade de vida”, só se for para o governador Arruda, para o vice governador Paulo Octavio e áulicos de luxo, que moram em mansões com segurança, cachorros e alarmes. Assim mesmo, não escapam da sina dos bandidos. A meu ver, é melancólico o governador Arruda sair dos seus afazeres para responder ao artigo do jornalista da Veja. Feito isso, Brasília voltou a ser encantadora, acabaram-se os problemas. Morro de rir. Nessa linha, Arruda deve então mandar fazer uma carta padrão, porque a fila de insatisfeitos e indignados com Brasília é imensa. Muitos já acham que compraram gato por lebre. Repito o que tenho escrito há anos: Brasília banalizou-se. O povo não não come concreto com feijão e arroz. Quer e exige emprego, segurança, hospitais, ônibus, escolas. O brasiliense anda tropeçando em problemas. Passada a euforia dos shows gratuitos na Esplanada ou no Parque da Cidade, volta a rotina caótica, o tormento diário, a preocupação constante. Hoje Brasília tem tudo de ruim. Duvido quem me desminta: seqüestros, gangues, alunos com revólver na escola, bala perdida, desemprego, falta de estacionamento, policiais truculentos, marginais que tocam fogo em pessoas, assaltos nas saídas dos bancos, chuvas que entopem, alagam e destroem tudo, trânsito assassino, policiais corruptos, dengue, febre amarela, delegacia com presos amontoados, fraudes em concursos, pacientes largados nos corredores dos hospitais, roubos de carros, aluguéis caríssimos, comerciantes e moradores acuados com grades, ruas esburacadas, terrenos baldios sujos, colégios destruídos por moleques, motoristas que não respeitam vagas de idosos e deficientes físicos, pedofilia, filhos que matam pais, pais que matam filhos, prostituição infantil, assassinos de travestis, flanelinhas que riscam carro, ônibus caindo aos pedaços, juventude drogada e bêbada, lavagem de dinheiro, assaltos a postos de gasolina, greves abusivas. Assim, com todo essa maravilhosa e retumbante qualidade de vida, resta pedir a Deus que olhe por nós”.
Comentário de Helio Fernandes
Meus parabéns, Limongi. Quando eu criticava e continuo criticando Brasília, é evidente que não era contra o cidadão, o morador da capital, aquele que se deslocou de longe, acreditando que descobrira a “Terra da Promissão”.
A capital foi crescendo sem o menor controle, desarvorada, praticamente abandonada, embora tenha sido criada, planejada e construída por dois mestres.
Lucio Costa se orgulhava: “Brasília não terá sinais de trânsito, nem cruzamento de carros”. Hoje, completando 50 anos, tem dos maiores engarrafamentos do país, é impossível atravessar uma das belas avenidas sem parar de minuto a minuto num sinal. E o pedestre não tem vez.
Por fora tudo é belíssimo em Brasília, mas inútil e imprestável. Um exemplo: dezenas das chamadas “cidades-satélites” e apenas meia dúzia delas com metrô. E esse metrô, apresentado praticamente sem desapropriações, em terreno fácil, de construção barata e rápida.
Nem quero falar, escrever ou lembrar das mordomias, hipocrisias e desperdício dos Três Poderes que, em geral, só cuidam deles mesmos. Como morador antigo da capital, finalmente você “viu a luz”, e devassou a escuridão.
É o teu estilo, por que iria mudar? E em defesa da coletividade, do cidadão-contribuinte-eleitor, que não tem Poder, com isso você não livra os poderosos.
Meus parabéns, Limongi. Você que não guarda dinheiro em meias ou cuecas, também não esconde a verdade para agradar aos que estão por cima. Estes, que deveriam “estar por cima”, sempre enganados e iludidos. Mas têm defensores como você.
Prezado Limongi
ResponderExcluirNão entendi muito bem o destaque dado aos problemas de Brasília. Entendo que tudo de ruim citado aplica-se perfeitamente a todas as grandes e médias cidades do Brasil, exceção ao fato de Brasília possuir a maior corja de "políticos" é claro, afinal é a nossa Capital. Já morei em Brasília e hoje estou aconselhando uma filha a se transferir para essa cidade. Devo desestimulá-la a tomar tal decisão?