sábado, 2 de junho de 2018

Para: carlos.mansur@oglobo.com.br

Amigo,

Parabéns pelo texto fla 2x bahia 0.
Você não faz ata nem joga toneladas de gelo no texto como faz a maioria. Você enxerga o jogo, os atalhos das jogadas. Detalhes grandiosos do jogo que nem os torcedores perceberam. Que poderiam valorizar a partida e engrandecer os times. Lições inclusive para treinadores desprendidos, interessados em acertar.

Acompanho teus textos com prazer. Não sou de elogios fáceis. Quando elogio, seguramente estou  engrandecendo o bom jornalismo.

Abraço forte do

Limongi


Posse de bola e paciência: Flamengo mostra evolução no Maracanã


No Brasil, resultados têm tanto efeito que a vitória do Flamengo sobre o Bahia, por 2 a 0, teve uma utilidade que vai além da manutenção da liderança. Desde que o time venceu o Atlético-MG em Belo Horizonte, num jogo em que sofreu até achar o gol num raro contragolpe, houve diversas sugestões de que o time alterasse seu modelo, ou mesmo de que já estivesse aderindo ao jogo de contra-ataque. Em especial o primeiro tempo serviu para mostrar que este Flamengo é moldado para ter iniciativa e busca do controle de jogo.

O que não impede que adapte-se a algumas circunstâncias. Mas a ideia de jogo que Maurício Barbieri tenta aperfeiçoar é de protagonismo das partidas, posse de bola. O Flamengo nem sempre joga bem, ainda precisa evoluir. Mas tem momentos que apontam para um crescimento. A vitória sobre o Bahia foi um destes jogos.

Durante 45 minutos em que o Bahia limitava-se a congestionar o caminho do gol, o Flamengo controlou, acumulou posse de bola e sofreu poucos riscos. Não é fácil. É verdade que poderia haver mais finalizações, mas o time era paciente, trocava passes, invertia o lado das jogadas atrás de espaços. O que parece evoluir é a distribuição do time em campo. Vinícius Júnior abre o campo pela esquerda, Rodinei pela direita. Diego, Lucas Paquetá e Éverton Ribeiro, que se move da ponta direita para o centro, tentam circular a bola. Mas faltava infiltração.

E aí surge um personagem vital neste jogo. Contextos coletivos mais bem estruturados podem valorizar jogadores antes criticados. É o caso de Renê. Partindo de uma posição um pouco mais recuada, protegendo o time de uma perda de bola, sua missão é infiltrar por um corredor mais central. Uma incursão que surpreende adversários. Eram 42 minutos quando achou Diego e iniciou uma tabela que quase deu errado e terminou em bonito gol.

Três minutos depois, a troca de passes rubro-negra envolveu Diego Alves: o goleiro, com um passe, evitou a pressão que o Bahia ensaiou no ataque e transformou a posse em contra-ataque, concluído em novo passe de Renê e gol de Lucas Paquetá. Aliás, ele e Diego fizeram grande jogo. E o Flamengo construiu seus gols penetrando pelo centro do campo, algo raro numa zona do campo cada vez mais congestionada.

O segundo tempo mudou de cara por algumas razões. O Flamengo sofria pouco na primeira parte porque era intenso na frente, buscava roubar a bola no campo ofensivo. Um ritmo difícil de manter, em especial neste calendário. Talvez por suas características, aos poucos o time perde ajuda defensiva de Diego, Vinícius Júnior, além de Henrique Dourado. Por vezes, acaba também o fôlego de Éverton Ribeiro.

Sofre mais o lado esquerdo da defesa, onde Vinícius recompõe menos e Diego se sacrifica. Por ali, o Bahia colocou Régis, o atacante Élber e o bom lateral João Pedro no segundo tempo. Levou vantagem e surgiu ótima tarde de Diego Alves. Ele pegou um chute perigoso de Élber e, já perto do fim, fez duas defesas dificílimas seguidas. O Flamengo só não teve mais problemas para proteger seu gol porque a linha defensiva, com Rodinei, Léo Duarte — que se machucou e deu lugar a Thuler —, Rhodolfo e Renê se comportaram muito bem.

A questão física, na sequência de jogos atual, torna-se um problema num Flamengo sem tanta fartura no elenco atual. O jogo com o Bahia, no entanto, reafirmou que a solução de, por vezes, marcar mais atrás pode ser um recurso. Afinal, abre mais espaços para Vinícius Júnior. Ele teve ótimas chances de acelerar em contra-ataques, mas tomou muitas decisões erradas.

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