quinta-feira, 14 de junho de 2018

CONHECENDO O INIMIGO

Tradicionalmente e desde priscas eras, os fatores da decisão em situação de guerra ou conflito são os seguintes: missão a cumprir, poder do inimigo, condições do terreno ou ambiente do confronto e os meios para enfrentar o oponente.
Recentemente, surgiu um novo fator de fundamental importância para a decisão do chefe:o apoio da população local.
Inúmeros índices negativos demonstram a caótica situação de generalizada insegurança pública e privada no Brasil.
Em 2016, foram registradas 62.517 mortes violentas sendo a taxa  de mortalidade por 100mil habitantes 30 vezes  maior do que a da Europa. Este ranking deplorável é liderado por Estados do Norte e Nordeste.
O vertiginoso crescimento do tráfico de drogas, a proliferação e fortalecimento das facções criminosas, os confrontos  com as polícias e o desemprego contribuem para o clima de violência cada vez mais preocupante.
A partir da década de 1980, a cocaína fixou-se nas comunidades carentes do Rio de Janeiro e fez crescer o comércio clandestino de armas de guerra.
Hoje, a principal preocupação do carioca na ordem pública reside nos tiroteios, balas perdidas e incerteza no seguro regresso ao  lar.
As milícias e o crime organizado diversificaram suas atividades. Além do comércio ilegal de drogas, exploram serviços diversos nas favelas impondo taxas e contribuições de toda ordem.
A violência no Município caracteriza-se, também,  pela disputa de território entre os contendores utilizando-se do fogo e movimento , com delineamentos de guerra irregular. Há imperiosa necessidade de as forças repressivas do Estado adotarem uma estratégia para reduzir  o poder bélico dos criminosos com operações seletivas precedidas de atividade de Inteligência.
O jornal “O Globo”, de 15 de maio de 2018,  publicou um levantamento  onde  consta que na cidade ocorreram 1751 tiroteios ou disparos de arma de fogo, sendo 235 confrontos com agentes do poder público, causando 222 mortes e 282 feridos.
Dos 162 bairros do Município, 141 registraram tiroteios este ano, o que representa 87%.
Para virar esse jogo, as Polícias Civil e Militar vêm intensificando o levantamento de dados sobre o inimigo.
Não pode haver dúvidas na sua  identificação,poder de combate, lideranças, ligações  e locais de homizio. É preciso mensurar o apoio dos residentes aos criminosos seja por medo, submissão ou dependência.
Recentemente, tropas federais na Intervenção têm utilizado equipamentos tecnológicos como rádios que superam as áreas de “sombra nas comunicações” e drones para monitorar constantemente o oponente.
O grande  desafio das autoridades de todos os níveis consiste  em avaliar  adequadamente a intensidade das medidas repressivas  para evitar excessos e, principalmente,morte de inocentes.Em ano de eleições esta preocupação deverá ser redobrada para evitar especulações  políticas que, normalmente, só servem para agravar o problema.
As ações preventivas devem prevalecer sobre as de combate.
 As atividades de Inteligência  devem priorizar o conhecimento do inimigo.

DIÓGENES DANTAS FILHO - Coronel Forças Especiais/Consultor de Segurança

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