quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Na Mira do Belmiro

Chega de promessa!

Comércio e indústria foram surpreendidos com a notícia do acidente – ocorrido no final de setembro - na estrutura portuária dos Superterminais, um empreendimento privado que atende parte da demanda crescente da logística dos transportes da economia local. O sobressalto se insere no clima de desassossego com o apagão portuário (aéreo e aquaviário) que se abate sobre o pólo industrial e atividade comercial de Manaus. Nesta semana, instado pelo governador reeleito, Omar Aziz, em clima de segundo turno das eleições, o governo federal despachou para Manaus seu ministro das Minas e Energia, com a promessa de equacionar o apagão energético. Resta torcer pela inclusão do Amazonas no programa nacional de banda larga e ver autori zada a instalação da infraestrutura de comunicação de que carecemos. Quem sabe volte à pauta o balizamento das hidrovias e a recuperação das BRs 319 e 174. Não custa sonhar com a materialização de algumas dessas promessas.
Tive oportunidade conhecer, a propósito, na semana passada, a estrutura rodo-fluvial portuária da empresa Porto Chibatão. Trata-se de um empreendimento condizente com as dimensões do crescimento do modelo Zona Franca de Manaus. Um empreendimento nativo, que se impôs no vácuo da ausência do poder público, e que cresceu, inovou, se modernizou para responder às demandas de uma economia desentrosada. Somos avessos ao planejamento estratégico. Entre os agentes públicos e privados não temos o costume de trocar figurinhas. Guardamos na gaveta do isolamento aquelas que poderiam completar as coleções do bene fício geral. Não trocamos palpites, nem expectativas com medo de atrapalhar os negócios. Queremos ser metrópole de primeiro mundo e agimos como empresas e entidades de província pré-emergente. Isso é resultado do ruído de comunicação entre nossas representações, as autoridades e o próprio mercado. No decorrer da visita, entre explanações técnicas e disponibilidades operacionais crescentes de quem se mobilizou para enfrentar demandas, veio a confirmação dessa desarticulação crônica e estéril entre os agentes envolvidos.
Talvez não seja a causa do colapso que abalou a estrutura logística de transportes no primeiro semestre mas certamente esse desentrosamento não ajuda a encontrar soluções. É bem verdade que todas essas questões passam pelos debates e análises sistemáticas das reuniões do Conselho da Autoridade Portuária, o CAP, onde os agentes públicos e privados se encontram representados, e de onde todos saem com a sensação de que tudo está por ser feito e ninguém sabe por onde começar. Chega de promessa, anúncios e miragens que desmobilizam e inibem as iniciativas locais de enfrentamento da questão. Estas ações nativas são as únicas alternativas reais e objetivas de que dispomos, e só com elas, salvo melhor juízo, podemos contar pra começar a prosa, uma prosa que não podemos protelar para dar um basta na m iragem deselegante das promessas.

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Francisco Cruz – O anúncio da confirmação da escolha de Francisco Cruz para o cargo de Procurador-Geral do Estado , feita por ele mesmo, depois de uma ligação do próprio governador reeleito, Omar Aziz traz consigo boas novas. O gesto se faz acompanhar de um novo estilo de governo, propósitos e visão de mundo. E se dá num momento em que o Ministério Público é sacudido por intensos questionamentos.

Direitos Humanos – Com uma experiência sólida no trato com pessoas despossuídas e marginalizadas, o novo Procurador tem sua imagem vinculada à defesa intransigente da cidadania, da exaltação da dignidade da pessoa. Francisco é querido e respeitado por seus pares e sua escolha deixa no ar uma sensação de contentamento.

A vez do interior – A escolha do novo Procurador recai sobre um homem público que começou sua carreira nos municípios distantes do beiradão. Ali ele formou o quadro de informações e compromisso com os ribeirinhos. E isso é muito valioso.

Licitação dos transportes – O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, anunciou na tarde desta quarta-feira a abertura de nova licitação para os transportes coletivos de Manaus, um pesadelo que parece não ter fim. Pela iniciativa, espera-se que este drama que atormenta o cotidiano do cidadão, aos poucos, seja equacionado.

Belmiro Gonçalves Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior do Associação Comercial do Amazonas. belmirofilho@belmiros.com.br

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