segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Rodas do Poder

O sol alto e forte apareceu, no céu de Brasília, saudando o vigor da democracia. Convidados de menor expressão foram se acotovelando, disputando melhores lugares, para sentar nas cadeiras apertadas no Salão Negro do Congresso. Convidados vips, encaminhados para um outro salão, próximo ao Salão Negro, local da memorável festa.  Como o carnaval está perto, parecia um amplo camarote da Sapucaí. Que acabou ficando pequeno, na medida que os convidados chegavam. Um dos primeiros a chegar foi o ex-presidente José Sarney, logo rodeado pelos poucos presentes. Ministros do Supremo Tribunal Federal parece que combinaram, foram chegando juntos. Motivo: antes, no plenário da suprema corte, o ministro-presidente, Luis Roberto Barroso, fez sua festa particular. Discursou, sem dividir holofotes com ninguém, rodeado de ministros e de ministros aposentados, Ayres Brito e Rosa Weber, então presidente da Corte, na época do vandalismo. Também presentes o futuro ministro do STF, Flávio Dino e o presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti. Antes de Lula chegar com Janja, Sarney foi a maior atração. Ganhou tapinhas nas costas de figuras que nem conhecia. Prestígio é isso. Trocou idéias com Rodrigo Pacheco, Ayres Brito e o vice, Geraldo Alckmim. O ministro que se mostrou mais afável, sorridente e conversador com Sarney, foi Alexandre de Moraes. O xerife Moraes tinha amplos sorrisos para todos. Quando o dono da orquestra democrática entrou no salão das rodinhas dos poderosos da República, acompanhado de Janja, o beija mão foi geral. O educado Luis Roberto Barroso foi o primeiro a se dirigir ao encontro da primeira dama  e cumprimentá-la com dois beijos no rosto.  Seguido de Flávio Dino, Rodrigo Pacheco, Alckmin, Sarney, Carmem Lúcia, Rosa Weber e Gilmar Mendes. O decano do supremo e torcedor do Santos, Mendes, foi o que mostrou mais afeição ao beijar Janja. Pareciam amigos de colégio. Alexandre de Moraes conversou com Ricardo Stukert, fotógrafo e amigo pessoal do presidente Lula. O cabeludo e agitado Ricardo indicava, pelos gestos das mãos que vi, que iria mandar novas fotos interessantes das badernas para a coleção pessoal do ministro. Senadora Eliziane Gama sorridente e sem sair do lado do conterrâneo Sarney. Foi ela a relatora da CPI das badernas de 8 de janeiro. A operosa Diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, casa do legislativo, anfitriã do marcante espetáculo cívico, circulando, atenta aos detalhes, para que tudo saísse nos conformes. Ilana, de vestido vermelho, é servidora respeitada e antiga da Câmara Alta. Mereceu abraços e sorrisos de Lula.    Flávio Dino espaçoso e eufórico, como sempre. Na rodinha dele, outro sorridente era Gilmar Mendes. Encostados na parede com amplo painel atrás e no alto, da galeria dos ex-presidente do Senado Federal. Ninguém registrou nem viu se Flávio Dino dirigiu-se a José Sarney. Nem  para um simples e educado aceno. Na saída para o Salão Negro, Pacheco, Lula, Barroso e Moraes, tiraram foto com um imenso exemplar da Constituição, impresso especialmente para a solenidade. Esqueceram de chamar Sarney para aparecer na foto histórica. Afinal, foi o imortal Sarney o responsável pela transição democrática do Brasil. 

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