Tribuna
da Internet - Rio de JaneiroVicente Limongi Netto
Firme, esclarecedor e pertinente, o artigo do presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), Petrus Elesbão, “A hora do servidor: reforma administrativa silenciosa” (Correio Braziliense - 29/10), retrucando e repudiando as costumeiras pantomimas do ministro da Economia, Paulo Guedes, contra os servidores, sem lembrar que são os funcionários públicos que estão enfrentando a pandemia.
Petrus Elesbão salienta com rigorosa clareza: “A estratégia
batizada por Paulo Guedes de “reforma administrativa silenciosa” é bastante
simplória para um economista com ego de dimensões astronômicas como o do
ministro: não repor servidores aposentados e deixar a inflação corroer o
salário dos ativos. A cada 100 baixas, o governo repõe 26″.
NA
CONTRAMÃO – O sindicalista acredita que as propostas de Guedes vão na
contramão da legalidade e do bom senso. A seu ver, “é, no mínimo,
bastante ingênuo supor que a tecnologia é capaz de substituir o trabalho de 74
pessoas em todas as áreas em que o Estado brasileiro atua, mesmo as de natureza
burocrática”.
O autor do enfático artigo vai além: “Ontem, 28 de outubro, foi
Dia do Servidor. Tento manter o otimismo e acreditar que esta pandemia que está
causando tanto sofrimento a todos nós, mais especialmente aos mais
desprotegidos, derrubou os últimos pilares que ainda sustentavam o
delírio liberal que movia o governo pelas mãos do ministro Paulo Guedes”.
DIZIA
LACERDA – Recordo palavras do ex-governador, ex-deputado federal e
memorável tribuno, Carlos Lacerda: “O servidor público não ganha eleição. Mas
atrapalha bastante”.
Petrus Elesbão e dirigentes do Sindilegis contam com o apoio do
respeitado senador Reguffe( Podemos-DF) para colocar freios nas sandices
delirantes de Guedes. O senador quer que o Sindilegis participe dos debates
sobre o tema. A exemplo do Sindilegis,
Reguffe é contra o fim da estabilidade. Propõe, nesse linha, a
adoção de uma avaliação de desempenho com critérios claros como parâmetro para
a eficiência dos servidores públicos.
UM
ERRO FEIO – Alexandre Garcia aproveitou a patética,
tenebrosa, risível, inacreditável e indigna sandice do líder do governo na
Câmara, Ricardo Barros(PR-PR) propondo plebiscito para elaboração de uma nova
Constituição, e saiu também criticando a Carta Magna.
O veterano jornalista deu uma explícita gauchada e errou feio
(Correio Braziliense-28/10), chamando Nelson Jobim de “dínamo” da Constituinte.
Dínamo de quê e por quê, Alexandre? Deus castiga.
Entre todos os parlamentares daquela saudável época da política
brasileira, que resultou na Constituição, pode-se afirmar, por dever de
justiça, e sem medo de cometer excessos, que os legítimos dínamos dos
estafantes trabalhos, foram o relator-geral, deputado Bernardo Cabral e seus
relatores adjuntos, Antônio Carlos Konder Reis, Adolfo de Oliveira e José
Fogaça. Todos incansáveis. Trabalharam feito mouros. Jobim foi apenas um dos
adjuntos e cometeu gravíssimo crime, ao introduzir dispositivo do agrado dos
banqueiros, sem que tivesse sido aprovado pelos constituintes.
APENAS
PALPITEIROS – Muitos políticos, alguns renomados, entrarão
na história daquela quadra, apenas como inesquecíveis palpiteiros. Nesse
sentido, em defesa e valorização da Constituição, transcrevo declaração do
procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União(TCU),
Júlio Marcelo de Oliveira, em expressiva entrevista ao programa CB Poder,
publicada também na edição do Correio Braziliense de 28/10:
“A Constituição é muito boa. Os problemas de governabilidade,
grande parte decorre de má gestão econômica. Quando o país estava crescendo,
com a situação fiscal bem, ninguém falava da Constituição”.
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