quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Collor condena exclusão de jornalistas e Gurgel do relatório da CPI do Cachoeira


O senador Fernando Collor (PTB-AL) condenou em Plenário a retirada das acusações contra cinco jornalistas e contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, do relatório final da CPI do Cachoeira. Nesta quarta-feira (28), o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), apresentou nova versão do relatório, o qual modificou após pressão de parlamentares da oposição e de governistas. No documento criticado por Collor, não mais constam os pedidos de investigação da conduta de Gurgel em relação à operação Vegas, da Polícia Federal, e de indiciamento de cinco jornalistas, entre eles, Policarpo Júnior, da sucursal da revista Veja em Brasília. A retirada dessas partes causou “estranhamento”, na opinião de Collor. Na primeira versão apresentada, disse, Odair Cunha afirmava não restarem dúvidas que Policarpo contribuiu com a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira. O senador fez questão de ler diversos trechos retirados pelo relator. “Não restam dúvidas de que o jornalista Policarpo Junior aderiu à organização criminosa de Carlos Cachoeira, colaborando intensamente para o êxito e a continuidade de suas atividades e a impunidade de seus líderes”, leu Collor. Outra parte retirada do relatório, disse o senador, é a que apresentava afirmações do juiz da 11ª Vara da Justiça Federal em Goiás, Paulo Augusto Moreira Lima, ao decretar a prisão de Cachoeira. No trecho lido pelo senador, o juiz afirma que membros da imprensa serviam à organização de Cachoeira, por ela sendo manipulados e utilizados. O juiz também afirma haver uso de jornalistas “para a divulgação de conteúdo capaz de favorecer os interesses do crime”. Collor leu ainda outro trecho da primeira versão do relatório, no qual o relator afirma que Policarpo era “um braço midiático” da organização de Cachoeira e rechaça a hipótese de que o bicheiro seria apenas uma fonte do jornalista. O texto de Odair Cunha dizia que Cachoeira usava Policarpo em favor dos interesses da quadrilha, reforçou Collor.
- Essas constatações são secundárias, como justificou o relator para retirá-las do documento, apesar da contundência e clareza de sua própria argumentação no relatório? A gravidade desses fatos - vinculando setores da imprensa, mais particularmente a revista Veja, sempre ela, e seus servidores com o crime organizado - é ou não é de interesse da sociedade brasileira? – acusou o senador, que classificou a revista como "um verdadeiro coito de bandidos".
Já sobre Roberto Gurgel, continuou Collor, a primeira versão do relatório da CPI apontava “desvios de responsabilidade constitucional, legal e funcional” e recomendava que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) investigasse o procurador-geral.
Collor disse considerar "inadmissível" que essas duas partes sejam retiradas do texto, por serem de "interesse nacional" e por configurarem "fatos relevantes" encontrados pela CPI. Ele disse que vai propor a reinserção dessas acusações no relatório e o acréscimo de indícios contra outros procuradores do Ministério Público e ainda outros jornalistas da Veja.

Agência Senado

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