A democracia, como já se disse, de todos os
sistemas de governo, é o menos ruim. Concordo totalmente. O defeito mais grave,
embora não se justifique jamais sua condenação como sistema, é o fato de se
basear não na racionalidade, na lógica, mas na emoção, nos sentimentos e
empatias criadas, portanto, na irracionalidade dos humores do povão, nos atos
demagógicos, nos jogos de cena para a sociedade de massas. Contradição de precisamos saber administrar. Um exemplo: os nobres
parlamentares, Janete Capiberibe, Eduardo Suplicy e Randolfe Rodrigues, que se
dizem arautos da moralidade, afirmaram com toda pompa que, agora (depois que a
mídia chiou, claro!), vão pagar IR sobre ajuda de custo. Legal! Concordo. Muito
bonitinho e coisa e tal. Mas a perguntinha que fica é: se fosse apenas por consciência
ética, por “imperativo moral”, como dizia Kant, porque não fizeram isso antes, como
disse ter feito o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que, independente do Senado, teria
acertado a pendência com a Receita Federal em outubro, desembolsando R$ 73 mil
pelo IR não recolhido? Eu respondo: por que se trata apenas da mais deslavada e,
como dizia Dacy Ribeiro, “façanhuda” e espertalhona DEMAGOGIA. Acham que o povão
é besta. Parlamentares que não possuem posições relevantes no Congresso, que não
têm atuações substanciais, são, infelizmente, obrigados a partir para este tipo
de subterfúgio para alguns minutos de “glória” diante dos holofotes. Os
assessores de imprensa dessa gente deveriam advertir seus chefes sobre estas
ações tolas, pois como dizia Nelson Rodrigues, a “massa é burra”... mas nem
tanto, digo eu. Os tempos são outros. E como diz meu amigo, o jornalista Vicente
Limongi Netto, falando sobre o criativo senador Cristovam Buarque, despedido
por telefone por Lula, “tem gente que não pode ver nem luz de geladeira aberta que
já se transforma em Madre Tereza de Calcutá, berrando asneiras”, com toda
aparente e apaixonada “convicção”. É isso.
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