Algumas considerações sobre a extensa matéria do atilado jornalista Raymundo Costa, sobre Fernando Collor: como todo ser humano que preza a vida, o calejado ex-presidente pode dizer, sem arrogância, que como Chefe da Nação errou bastante no varejo, mas, também, acertou e muito, no atacado. Collor hoje acertaria em cheio se citasse a frase do saudoso tribuno Carlos Lacerda, que como ele, também enfrentava de frente seus desafetos: "Os homens de bem não me temem, só os outros". O legado mais importante de Collor na Presidência da República foi a abertura externa da economia, passo fundamental para a integração competitiva do Brasil no mercado mundial e uma ruptura absolutamente necessária com meio século de uma política mercantilista caduca, baseada no protecionismo tarifário e não tarifário e na manipulação cambial em favor dos "amigos do rei". O tempo é mesmo senhor da razão, como Collor sempre frisou. A vida segue para todos. Não poderia ser diferente para Collor. Hoje se torna enfadonho e até tolice, recordações destrambelhadas de figuras eternamente ressentidas e monitoradas pela má-fé. Quem guarda ódio e mágoas no coração são os decaídos, os perdedores. Como senador, Collor segue trabalhando com determinação, firmeza e espírito público. Não tem que se envergonhar de nada. Na CPI do Cachoeira atua de acordo com a Constituição. Não se deixa monitorar por ninguém. Ao contrário da análise vesga de alguns, Collor não foi afastado da Presidência da República por corrupção, mas, sim, por um processo de natureza meramente política. A seguir, no Judiciário, foi absolvido no STF por absoluta e rigorosa falta de provas que pudessem envolvê-lo em crime de responsabilidade ou corrupção no exercício de Chefia da Nação. A propósito, em palestra na Escola da Magistratura da Justiça Federal da 3ª Região, em setembro de 2011, o jornalista da TV-Globo, Caco Barcelos, afirmou que o impeachement de Collor começou na imprensa com a entrevista de um irmão ressentido e doente. "A imprensa não provou uma linha do que ele disse", frisou Barcelos, acrescentando: Collor sofreu uma punição política, mas não se provou nada contra ele. A denúncia judicial e a denúncia da imprensa devem ter sido, portanto, incompetentes". Por fim, cito o professor da UnB e cientista político Paulo Kramer, analisando a presença de Collor na Presidência da República:"Collor patrocinou a abertura comercial e defendeu o conjunto de propostas de reforma macro e microeconômica apelidado de projetão, colocando a sociedade diante de uma incontornável agenda de eficiência, qualidade, produtividade e competitividade".
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