quarta-feira, 23 de abril de 2014

O povo deve ser ouvido e cheirado


O título acima é do meu texto publicado no Correio Braziliense de 21 de abril de 1980. Gostaria de recordá-lo e compartilhar com os leitores. Tenho a forte impressão que escrevi ontem:


Pelo menos no que me diz respeito, o governador Aimé Lamaison tem razão: "Brasília não é uma cidade madrasta". Mais direto ainda: o que tenho, o que ganhei, o que formei, o que guardei, o que construir, para mim e minha família, foi Brasília que me possibilitou ganhá-lo, conquistá-lo. Palmo a palmo, sem tréguas. Mas com esperanças, lutas, esforço pessoal, obstinação. Por que vou atirar pedras ou cuspir no prato que comi e como até hoje? Não sou hipócrita nem leviano em nada que faço ou digo. Não uso eufemismo. É claro que Brasília nos seus 20 anos, não é uma cidade perfeita. Nem o será. Nenhuma no mundo o é.  Entre vícios e virtudes, porém, o saldo é plenamente positivo. Confio num futuro cada vez mais digno e melhor para todos que aqui vivem; mais sorte, com mais oportunidades para a maioria. Mas, para isso, mãos á obra! Nada cai do céu, a não ser chuva.Que impere o sentimento de ordem. Não só no lar, mas na escola, no convívio da sociedade. Dentro do respeito à lei, dos direitos humanos, no amor ao futuro e no acatamento aos conselhos do passado.Que diminuam as injustiças. Estas liquidam com as esperanças da juventude, que, como refugo, acolhe-se no torpor do vicio , para anestesiar os espinhos de desencantos. Os governantes precisam lutar para acabar com isso. Sendo Brasília a capital do país, suas responsabilidades com a comunidade naturalmente ficam redobradas. Quando falo governantes, incluo o Presidente da República e Ministros de Estado e de Tribunais Superiores. Segurança para adultos e crianças. Não existe segurança nacional sem segurança individual. Pátria que não assegura direitos não pode impor deveres. Vem, então, a galope, o que Oliveira Bastos antevê com a sabedoria habitual: a violência avassaladora.  A justiça de Brasília tem que ser rápida. Justiça que se arrasta, mesmo quando é reta, avilta o direito. Politicamente, creio que, o povo de Brasília deva ser ouvido e cheirado. Não concebo reformas sem a aquiescência do povo, sem o pronunciamento da maioria. O candango não merece os ventos da abertura? Entre o governo de Brasília e a comunidade, a afinidade deve ser, sempre, mais ampla e aberta. Os interesses se conciliam. Da mesma forma as contrariedades e prejuízos. Entremos nessa. Dando o que o povo quer, Brasília ficará melhor. A recompensa maior, no caso, será para nossos filhos. Este é o legado, a palavra de ordem, que deve orientar os governantes. Isto feito, o resto obteremos por acréscimo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário