O título acima é do
meu texto publicado no Correio Braziliense de 21 de abril de 1980. Gostaria de
recordá-lo e compartilhar com os leitores. Tenho a forte impressão que escrevi
ontem:
Pelo menos no que me
diz respeito, o governador Aimé Lamaison tem razão: "Brasília não é uma
cidade madrasta". Mais direto ainda: o que tenho, o que ganhei, o que
formei, o que guardei, o que construir, para mim e minha família, foi Brasília
que me possibilitou ganhá-lo, conquistá-lo. Palmo a palmo, sem tréguas. Mas com
esperanças, lutas, esforço pessoal, obstinação. Por que vou atirar pedras ou
cuspir no prato que comi e como até hoje? Não sou hipócrita nem leviano em nada
que faço ou digo. Não uso eufemismo. É claro que Brasília nos seus 20 anos, não
é uma cidade perfeita. Nem o será. Nenhuma no mundo o é. Entre vícios e
virtudes, porém, o saldo é plenamente positivo. Confio num futuro cada vez mais
digno e melhor para todos que aqui vivem; mais sorte, com mais oportunidades
para a maioria. Mas, para isso, mãos á obra! Nada cai do céu, a não ser
chuva.Que impere o sentimento de ordem. Não só no lar, mas na escola, no convívio
da sociedade. Dentro do respeito à lei, dos direitos humanos, no amor ao futuro
e no acatamento aos conselhos do passado.Que diminuam as injustiças. Estas
liquidam com as esperanças da juventude, que, como refugo, acolhe-se no torpor
do vicio , para anestesiar os espinhos de desencantos. Os governantes precisam
lutar para acabar com isso. Sendo Brasília a capital do país, suas
responsabilidades com a comunidade naturalmente ficam redobradas. Quando falo
governantes, incluo o Presidente da República e Ministros de Estado e de
Tribunais Superiores. Segurança para adultos e crianças. Não existe segurança
nacional sem segurança individual. Pátria que não assegura direitos não pode
impor deveres. Vem, então, a galope, o que Oliveira Bastos antevê com a
sabedoria habitual: a violência avassaladora. A justiça de Brasília tem
que ser rápida. Justiça que se arrasta, mesmo quando é reta, avilta o direito.
Politicamente, creio que, o povo de Brasília deva ser ouvido e cheirado. Não
concebo reformas sem a aquiescência do povo, sem o pronunciamento da maioria. O
candango não merece os ventos da abertura? Entre o governo de Brasília e a
comunidade, a afinidade deve ser, sempre, mais ampla e aberta. Os interesses se
conciliam. Da mesma forma as contrariedades e prejuízos. Entremos nessa. Dando
o que o povo quer, Brasília ficará melhor. A recompensa maior, no caso, será
para nossos filhos. Este é o legado, a palavra de ordem, que deve orientar os
governantes. Isto feito, o resto obteremos por acréscimo.
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