segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Relatório

Já está pronto o aguardado relatório paralelo da CPI da covid. Peça científica e política que entrará para os anais da saúde pública brasileira, segundo seus orgulhosos autores, e destroçará completamente as acusações do relatório do senador Renan Calheiros. No qual, Bolsonaro, no mínimo, será acusado de prevaricação. Mentores do documento garantem que ele será lido e aplaudido por todos os brasileiros. Sobretudo pelos familiares dos até então 600 mil brasileiros mortos pela covid e pelos milhões de desempregados e despejados. A lucidez de raciocínio e a isenção, são características  marcantes do conteúdo do relatório.  Elaborado pelas mentes brilhantes dos senadores da febril e serviçal tropa de Bolsonaro. Para aprimorar e garantir o sucesso do relatório, os senadores negacionistas pediram ajuda dos qualificados ex-ministros da Saúde, Eduardo Pazuello. Autor do rastejante "Manda quem pode, obedece quem tem juízo", e dos inacreditáveis deputados Ricardo Barros e Osmar Terra. O primeiro foi manchete na mídia, depois da declaração irritante de Bolsonaro, "deve ser coisa do Ricardo Barros", diante das denúncias que ouviu, com provas, do deputado Luis Miranda, sobre compra superfaturada de vacinas. Osmar Terra, por sua vez, foi quem cantou de galo, afirmando que mortes pela covid, no Brasil, não passariam de mil vítimas. O atual ministro da Saúde, não foi ouvido nem cheirado para opinar, depois que engessou o dedo grosseiro que deu aos manifestantes, em Nova Iorque, que vaiavam Bolsonaro. O irretocável e edificante relatório paralelo será enviado para a Anvisa, ONU, Organização Mundial da Saúde (OMS) e embaixadas do Afeganistão, Síria e Paquistão. O singelo documento homenageia Bolsonaro com dezenas de páginas. Define o chefe da nação como "gestor maravilhoso " e "notável e educado homem público". Também trata Bolsonaro como "impecável respeitador das normas sanitárias", recomendadas  pela ciência. Nessa linha, o relatório lembra que Bolsonaro foi o primeiro presidente mundial a prever a chegada da pandemia, mandando comprar imediatamente milhões de vacinas. Bolsonaro sempre incentivou o uso da máscara e combateu aglomerações. Jamais debochou da ciência e das vacinas. Tudo intrigas e notícias falsas, salientará o relatório. O vistoso relatório paralelo destaca, por fim, em capítulo especial, depoimentos de empresários negacionistas, como Luciano Hang e Otávio Fackoury, ambos jurando, com a mão na bíblia, que a cloroquina é eficaz no combate ao vírus da covid. Tanto que o Ministério da Saúde comprou milhões de cápsulas do badalado remédio, indicado para tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide. 

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