O Senado fez de tudo para banalizar a entrega da medalha Ulisses
Guimarães, pelos 25 anos da Constituição. Faltou bom senso, grandeza e
sensibilidade. A cerimônia parecia um filme de terror. Uma das raras figuras
que realmente mereceu ser condecorada foi Bernardo Cabral, relator-geral
da Constituinte. Incansável, Cabral trabalhou como um gigante. Esqueceram de
Osmar Santos, locutor oficial das Diretas Já. Nesta linha, os sábios do Senado
não chamaram a viúva e filhas de Humberto Lucena, então presidente do Senado e
do Congresso nos trabalhos da Constituinte. Lamentável. Um escárnio
imperdoável. Medalharam o grandão Nelson Jobim, um dos relatores adjuntos
na elaboração da Carta. Estranhamente não tiveram a gentileza de também
condecorar José Fogaça e Antônio Carlos Konder Reis, outros dois auxiliares de
Bernardo Cabral. A cerimônia foi um descalabro medonho, sem fim. Claro, não
deixaram de condecorar obscuros ex-constituintes. Além de Sarney e Lula, ambos
declaradamente, à época, críticos da Constituição. O primeiro tinha
inclusive um amigo que morria de inveja do amazonense vitorioso Bernardo
Cabral. Fazia artigos recalcados contra os trabalhos da Constituinte. Saulo
Ramos era o nome do crápula. Foi direto para o inferno. Lula, por sua vez, e o
PT, votaram contra o relatório final de Bernardo Cabral. Hoje, Sarney e Lula
amam a Carta Magna com fervor e amor cívico. Por fim, se Ulisses chamou a Carta
Magna de Constituição Cidadã, faltou condecorar um brasileiro assalariado. Que
rala de sol a sol e, apesar de tudo, confia em dias melhores para si e para o
Brasil. Fafá de Belém não vale. Como ela, cantei e canto com entusiasmo o
Hino Nacional. Também quero minha medalha. O imortal FHC, embora convidado, não
apareceu. Sua ausência não foi notada por ninguém.
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