Vou embora do Lago Norte. Irei para onde respeitem meus suaves ouvidos e alquebrados ossos. Aqui o desassossego é brutal. Sonho ir para onde poderei voltar a acordar com a cantoria dos pássaros. Revoando nas janelas. Nos vasos de plantas. Nas mangueiras e abacateiros. Nos varais de roupas. Vou para longe dos tenebrosos acordes da bate estaca. Da doideira das motos delivery com cano de descarga abertos. Cansei das medonhas, enfurecidas, desagradáveis e incansáveis moto-serras, britadeiras, furadeiras, martelos, caminhões de limpa-fossas, carros oferecendo gás com música de espantar a luz do sol e caçambas para recolher entulhos. Fugirei das serralheiras, enceradeiras, empilhadeiras, aspiradores. Astros da sinfonia interminável do desrespeito. A barulhada desenfreada e desengonçada começa cedo. Sem hora para acabar. Partirei para perto do rei. Em busca de sossego. Recomendado pelo divino Manuel Bandeira.
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