Mais enxuto este ano, benefício deverá injetar R$ 12,75 bilhões no setor, respondendo por 31% dos recursos disponíveis para consumo
Importante na retomada econômica do comércio na primeira fase da
pandemia, o auxílio emergencial este ano deve impactar o setor oito vezes
menos. O cálculo é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC) e leva em conta principalmente a redução do montante de recursos
disponibilizados, além de fatores como o comprometimento da renda familiar da
população.
Na nova rodada do auxílio emergencial, R$ 12,75 bilhões devem
ser injetados nos caixas do comércio varejista, o equivalente a 31,2% do que
for sacado pela população. Em 2020, o valor destinado ao consumo no varejo foi
de R$ 103,8 bilhões, 35,4% dos recursos do benefício.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, reforça que, apesar de
a redução do benefício impactar o setor, o pagamento do auxílio é sempre uma
medida positiva para estímulo da economia e dá garantias à população. Ele
acrescenta ainda que outros fatores corroboram a oscilação do poder econômico
durante o período de crise.
“É preciso observar que a partir de setembro, quando o auxílio
foi reduzido à metade, o varejo conseguiu manter as vendas aquecidas. Isso
porque há fatores que também impactam a capacidade de consumo da população,
como o nível de isolamento social, as condições de crédito e a inflação”,
explica Tadros, lembrando que os períodos mais dramáticos para o comércio são
os de determinação de lockdown.
Comprometimento da renda
Estatísticas do Banco Central mostram que o comprometimento da
renda das famílias, que já se situava em nível recorde, aumentou ao longo do
primeiro trimestre de 2021. A CNC estima que atualmente essa proporção tenha
atingido 30,3% da renda familiar. Assim, a tendência é que, mesmo
proporcionalmente, mais recursos do auxílio emergencial tenham outra destinação
que não o consumo de bens.
“O recurso se propõe a ser ainda mais contingencial, o que dá
baixa margem para perspectivas de consumo. As famílias vão precisar escolher o
gasto. Por isso, para além do consumo básico, como alimentação, a preferência
vai ser o abatimento de uma dívida. Ou até guardar esse dinheiro para uma
situação de necessidade”, avalia o economista da CNC responsável pelo estudo,
Fabio Bentes.
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