quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Santo Flávio

O mundo político vibrou. Os católicos iluminaram os céus com preces e velas gigantes. Os franciscanos lavaram a alma. Acabaram com o estoque de detergentes nos mercados. Os sinos das igrejas repicaram. O Palácio do Planalto ajoelhou-se e chorou. No Rio de Janeiro, Fabrício Queiróz soltou foguetes, distribuiu santinhos com o rosto do amado afilhado e bebeu todas. As comoventes manifestações de memorável felicidade têm justificável motivo: os impolutos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) inocentaram o senador Flávio Bolsonaro das denúncias de "rachadinhas". Dos tempos em que o filho 01 foi deputado estadual no Rio de Janeiro. Os isentos e sábios magistrados decidiram que as provas robustas apresentadas pelo Ministério Público eram conversas fiadas. Fruto da imaginação e inveja do outrora incansável comerciante de chocolates. Não paira mais dúvidas. O parlamentar passará a ser conhecido como Santo Flávio. O STJ já enviou para o Vaticano a papelada para a canonização do senador. Não mandaram, por puro esquecimento, o relatório da CPI da covid, onde o senador é indiciado. Breve o prendado 01 será conhecido por Dom Flávio. Eufórico com a honestidade e pureza do colega, comprovadas pelo STJ, o presidente  do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, mandou construir um Flávio Móvel, idêntico ao Papa Móvel do Santo Pontífice. A prova de ovos e tomates. O pai orgulhoso do filho imaculado mandou trocar o slogan "Pátria amada, Brasil", para "Pátria amada do Santo Flávio". Sucesso garantido nas eleições de 2022. Lula confidenciou para graduados petistas que pretende conversar com Flávio. Não custa nada. Não tira o pedaço. O que importa é a grandeza do Brasil. Afinal, é melhor dois santos de pau-oco nas mãos, do que Moro na espreita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário