terça-feira, 25 de maio de 2021

Bebê Pazuello

Tio Braga Neto, Comandante das Forças Armadas:


Não tinha a intenção de subir no carro de som. Mas alguns admiradores insistiram. Releve, tio, minha pança imensa e minha fraqueza. Topei porque passaram pela minha cabeça de poucos neurônios, recordações da infância. Quando subia nas mangueiras com amiguinhos do peito.  Também brincávamos o dia todo, varando à noite, de esconde-esconde. Na escuridão dos terrenos baldios. Saudades daqueles tempos, tio Braga. Era um custo subir nas árvores, porque desde criança sou gordinho. Nunca gostei de exercícios. Prefiro mentir em comissões de inquérito. Faço tudo com a maior desenvoltura. Tenho orgulho das minhas missões cumpridas. A ordem é  livrar a cara do meu amado chefe Bolsonaro. Alguns gordos como eu também carregam outra característica: adoramos ser subservientes. Faço tudo que meu mestre Messias mandar. Tudo mesmo. Lá em cima, no carro de som os anjos cantaram felizes, quando  meu amado presidente gritou no microfone que eu era um gordinho camarada. Todos os demais sabujos, também sem máscaras, bateram palma e riram de mim. Alguns deles, mais puxa sacos do que eu, reclamaram ao presidente que o carro balançou, por culpa da minha enorme barriga. Tio Braga, pegue leve na minha punição. Tenha pena da minha burrice. Sei que meus atos irresponsáveis maculam minha farda. Juro que quando voltar a depor na CPI da covid, mentirei muito mais. Para desespero do Omar e do Renan. Se for preciso, chamarei Bolsonaro até de minha paixão e de santo. Tudo porque não quero que o nosso chefe supremo venha a ser arrancado do cargo por  impeachment. Já viu, né tio Braga, perderemos todos nossas boquinhas. No Amazonas não ganho eleições nem para vigia noturno de condomínio na Ponta Negra. Em Manaus,sou mais sujo do que pau de galinheiro. Grato pela atenção, tio Braga, o maior e melhor comandante das Forças Armadas que nosso Brasil varonil já teve. Desculpe se exagerei no puxa saquismo, titio, mas não aguento passar um minuto sem mentir para alguém. Com a devoção do sabujo mor, despeço-me,  Eduardo Pazuello. 

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