Por Carlos José Arantes Esteves
Realmente, a extrema utilização política
quando o assunto é a prorrogação da Zona Franca de Manaus é de estarrecer.
Véspera de campanhas políticas federais e estaduais, embora campanhas nem tanto
enrustidas já estejam sendo feitas na mídia, com recursos públicos e a
criatividade do engodo, por alguns marqueteiros cujo interesse, supõe-se, seja
apenas empresarial, desvinculado da realidade brasileira, e em prejuízo da
consciência do cidadão; diga-se, consciência ativada apenas por esmolas que
estimulam a preguiça, não diminuem a violência, não asseguram um futuro melhor
para as gerações e prendem o voto a uma falsa esperança. Maior do que França,
Inglaterra, Alemanha e Japão juntos, o Amazonas tornou-se um instrumento de
palanque e promessas. Sua população e empresários vivem momentos de tensão e de
razoável incerteza. Brinca-se com o cidadão. Parece que o Amazonas não faz
parte da federação. Desde 1967, data de sua criação, presenciamos pela imprensa
a luta dos amazônidas contra parlamentares perniciosos, empresários gananciosos
e egoístas, de Estados beneficiados pelo desenvolvimento, não apenas pela
excelente localização geográfica mas pela aproximação com o poder central e com
os maiores investidores do país. Em 67, o Amazonas era tido com um pólo turístico
numa floresta cercada de índios e caboclos navegando em barcos e canoas,
negociando a base do escambo, borracha, castanha e juta com alimentos para sua
sobrevivência. Das barrancas do Rio Amazonas se via o pouso dos “catalinas” da
extinta Panair do Brasil ou dos C-47 da Força Aérea Brasileira levando
passageiros, cartas e encomendas do Correio nacional. Vemos hoje a ladainha de
sempre nessa época: alguns discursos defendendo a Zona Franca de Manaus que nos
apavoram e nos faz questionar sua sinceridade pois hoje tudo é negociado nos
bastidores e levado ao público de forma diferente por bem elaboradas campanhas
publicitárias. Como faz falta parlamentares como o ex-senador Arthur Virgílio,
com suas contestações bem fundamentadas, seguras e muitas vezes inquestionáveis,
mostrando sabedoria e trato incisivo na defesa da Zona Franca de Manaus.
Realmente, em muitos lugares de nosso país, cada um desses, com suas
necessidades pertinentes, seguramente tem um povo sentindo saudades de seus
líderes de ontem que se notabilizaram na política com garra e sem os
fisiologismos de hoje, sem a dependência constante do executivo, e que
respeitavam a opinião pública. Em cada Estado, uma lembrança: “a falta que o
homem faz”.
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