domingo, 11 de março de 2012

Eunice Michiles, a primeira senadora eleita do Brasil, receberá Prêmio Bertha Lutz no Senado


Terça-feira, às 10 horas, em sessão do Congresso Nacional, no Plenário do Senado, cinco grandes mulheres serão homenageadas com o Prêmio Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz. A presidenta Dilma estará presente e também receberá a comenda, junto com outras cinco mulheres: Maria do Carmo Ribeiro, viúva de Luiz Carlos Prestes; Rosali Scalabrin, da Pastoral da Terra; e Ana Alice Alcântara da Costa, da Universidade da Bahia. Mas estou orgulhoso, mesmo, é com minha amiga Eunice Michiles, a primeira senadora eleita do Brasil, que também será homenageada. Teve grande experiência e papel importante na educação amazonense, onde lecionou e ocupou cargos de direção no Grupo Escolar Santina Filizola, no Ginásio de Maués, na Escola Normal e no Serviço Municipal de Educação. Experiência que acabou por levá-la também à luta política, indo da eleição para deputada estadual, em 1974, para uma cadeira no Senado, em 1979. Gosto muito da Eunice, trabalhei com ela. Um doce de pessoa. Tem, agora, 80 anos e continua muito bonita. Mora no Lago Sul, em Brasília.

Bertha Lutz foi uma das primeiras feministas do Brasil. Com a conquista ao direito do voto feminino, no governo Getúlio Vargas, foi eleita suplente para deputado federal em 1934. Em 1936 assumiu o mandato. As principais bandeiras de luta eram mudanças na legislação trabalhista com relação ao trabalho feminino e infantil. A senadora Vanessa Grazziotin é presidente do Conselho do Diploma Mulher-Cidadã, integrado por 16 senadores e senadoras.

Confiram trecho do excelente trabalho acadêmico “Jornalismo e memória: Eunice Michiles, a primeira senadora do Brasil”, de Henrianne Barbosa, falando da senadora  Eunice Michiles.

Chegar ao poder em nome da mulher foi sua maior motivação. O combate das leis que legitimam o preconceito e a ampliação da participação feminina na política foram duas de suas prioridades, enquanto senadora. Sobre a mais forte de todas as suas defesas, é enfática em afirmar: 

“Eu nunca entrei nessa discussão homem versus mulher. Eu dizia: bem-vindo o homem. Eu tinha uma outra luta: o direito da mulher. O direito dela se profissionalizar, de estudar. Então quando me perguntavam se eu era feminista, eu rebatia com outra pergunta: `Depende. O que é ser feminista?`. Se for feminista é guerrear contra o homem, claro que não sou.”

Em 1984, Eunice foi convidada para ser candidata à vice-presidência do Brasil, na chapa do ministro do interior, Mário Andreazza. Acabou unindo-se à Aliança Democrática, defendeu a candidatura de Tancredo Neves e se filiou ao partido da Frente Liberal (PFL).    Em 1986, foi eleita deputada federal e participou da comissão que discutiu a Constituição de 1988, como 4ª Secretária da Mesa. Eunice fez mais uma grande conquista: foi a primeira mulher a ser Conselheira no Tribunal de Contas dos Amazonas, de 1992 a 1999, atuando também como vice-presidente. Sobre os anos que esteve no Senado, ela afirma: “Foi difícil, me sentia atemorizada. Estava entre verdadeiros ícones da política. Mas, com o tempo, encontrei meu espaço, quebrei preconceitos, cumpri com o meu papel”. (...)

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