Após quatro ciclos, número de inscritas, votantes e visitantes é o dobro do planejado
O único lugar na internet em que a realidade é melhor que a expectativa – assim podemos definir a Baleia: projeto de mapeamento, publicação e premiação de mulheres artistas visuais no Distrito Federal e Entorno. Com a seleção de obras para compor quatro zines distribuídas gratuitamente, votação popular para premiação em dinheiro de uma artista em cada ciclo, lives de lançamento no Instagram e uma exposição feita em parceria com a Infinu Comunidade Criativa, os números do projeto já superam e muito as previsões iniciais. O sucesso é tanto que até a exposição derivada do projeto ganhou mais tempo para visitação presencial – até 10 de agosto. A votação popular do quarto ciclo ainda está aberta e encerra-se na sexta-feira, dia 09 de julho, com o resultado divulgado no sábado, 10.
Expectativa x Realidade
Na escrita do projeto, foi necessário estipular metas. A boa notícia é: todas foram superadas – e muito! A proposta previa inicialmente o total de 200 inscritas, mas tivemos quase 400 ao longo dos quatro ciclos. Cada zine seria lançada em um evento presencial, com a previsão de 80 pessoas em cada um, porém, tivemos mais de 2.200 visualizações nos nossos lançamentos digitais. A votação popular foi pensada desde o início para ser on-line, com expectativa de 2.000 pessoas no total, contudo, já tivemos mais de 8.000 votos até o momento – com a votação do quarto ciclo ainda aberta. Além de tudo isso, tivemos mais de 18 mil visualizações nas versões digitais das zines que estão no nosso site.
"Estamos realizadas com todo o alcance da Baleia nesse primeiro ano de projeto. É uma validação da urgência da valorização das mulheres artistas do DF, somada ao reconhecimento do nosso trabalho”, comemora Beatriz Chaves, coordenadora geral do projeto.
O contexto de isolamento social, ao invés de prejudicar a Baleia, permitiu que ela navegasse mais longe e alcançasse um número ainda maior de pessoas, que poderiam interagir com o conteúdo, com as obras e as artistas mesmo estando fora do DF. A adaptação das plataformas e formatos não foi um problema para a equipe fixa: formada por apenas quatro mulheres. O dinamismo da internet facilitou a comunicação e o acesso às artistas.
“A oportunidade de participar desse projeto foi oxigênio pra mim. Durante uma pandemia, em isolamento, dando conta de mil demandas que a mulherada sabe quais são, foi oxigênio poder pensar em outra coisa, ativar a criatividade e me enxergar noutra dimensão além do sem fim da rotina pesada desses tempos”, explica Talime Teleska, uma das selecionadas do quarto ciclo, sobre Futuros Possíveis.
Meta aberta e dobrou a meta
O projeto inicial não previa uma exposição, por isso, não havia recurso disponível, porém, as parcerias sempre tornam tudo possível. A exposição “Baleia – Mulheres nas Artes Visuais do DF e Entorno” contou com a parceria da Infinu Comunidade Criativa, na 506 sul, onde acontece a mostra presencial, e da Carambola, que aceitou imprimir as obras gratuitamente para artistas que não conseguissem pagar. A exposição reúne 53 trabalhos selecionados nos três primeiros ciclos da Baleia. Aberta no aniversário de Brasília, a mostra iria até o dia 21 de julho, porém, o sucesso foi tanto que foi prorrogada até o dia 10 de agosto.
“A exposição foi muito importante para nós porque tivemos a oportunidade de conectar mulheres e mostrar pra Brasília a diversidade e a qualidade do trabalho de 53 artistas. Queremos ampliar a visitação para dar mais visibilidade, para que mais pessoas possam apoiar e comprar as obras dessas mulheres”, detalha Maiene Horbylon, coordenadora da Infinu.
A visitação presencial é permitida com apenas duas pessoas por vez, seguindo todos os protocolos de segurança, de terça a domingo, das 11h às 21h. Não é necessário agendamento prévio. Dessa forma, mais de 2 mil pessoas já passaram pela galeria nestes três meses. Algumas obras estavam disponíveis para compra, e 13 delas foram adquiridas por visitantes.
Além disso, visitas online também podem ser feitas através do instagram do projeto e compras via PIX: ou seja, o público pode ter a experiência completa sem sair de casa, respeitando o isolamento social.
Por que Baleia?
O nome “Baleia” foi escolhido por ser uma apropriação e ressignificação de um termo utilizado diversas vezes de modo pejorativo sobre uma mulher que foge dos padrões estéticos hegemônicos. A palavra que deveria humilhar, na verdade, deve ser motivo de orgulho. Baleia é quase um hibridismo animal: parece peixe, mas é o maior mamífero do mundo; mergulha profundezas, suporta horas sem ar, encara correntezas e depois emerge plena à superfície, de alma lavada. São baleias que parecem calmas e inofensivas, mas podem ser letais se ignoradas em sua força. Baleias são lúdicas e potentes, quase seres mágicos. São gigantes e lindas. E o projeto visa trazer essas mulheres discriminadas e invisibilizadas para a superfície, com toda a potência, sua e de seu trabalho. Nome melhor não há.
Por que mulheres?
Apesar dos avanços nos direitos das mulheres nos últimos anos no Brasil, elas ainda são minorias invisibilizadas em diversas áreas do mercado de trabalho. No campo da cultura, por mais que este se coloque mais igualitário e tolerante, na prática, a desigualdade ainda é presente. De acordo com a pesquisa Perfil dos Trabalhadores da Cultura do DF (2014-2015), realizada por Maria Paz Fuenzalida, Julia Dalla Costa e Mara Palhares com recursos do FAC-DF, apenas 37% dos fazedores de cultura são mulheres, enquanto 63% são homens. Importante lembrar que, de acordo com o IBGE, as mulheres são mais da metade da população local em todas as faixas etárias. “Nós queremos ser parte da mudança desse quadro. E a Baleia é a nossa contribuição. Mulheres nos bastidores, nos palcos, nos zines, em destaque. Há uma necessidade urgente de sermos valorizadas e reconhecidas como artistas e como profissionais. Não podemos mais esperar. Os números das nossas seletivas mostram que somos muitas pensando assim. Ouçam, leiam e vejam o que essas mulheres têm a dizer”, explica Chaves.
Como funcionou?
Entre 2020 e 2021, foram realizadas quatro convocatórias públicas e gratuitas. Em cada uma delas, uma curadora definiu um tema e selecionou, a partir das inscrições, 20 trabalhos que deram origem a uma publicação impressa em formato de zine, que foi distribuída gratuitamente em todo o DF.
Patrocinado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), o projeto foi totalmente desenvolvido on-line, com a equipe, artistas, fornecedores e público em isolamento social. Até mesmo os temas foram pensados para provocar reflexão nesse contexto.
Em julho de 2020, em meio à quarentena, demos início ao nosso projeto convidando as artistas a refletir sobre o tempo a sua volta com o tema: O tempo circular. Em nosso segundo ciclo, o caminho foi de olhar para trás, reconhecer-se em suas memórias, seus antepassados, suas Heranças Deslembradas. No terceiro momento, foi tempo de olhar para si, refletir sobre o corpo e as temporalidades Diante do espelho. Agora, neste último ciclo, que ainda está com a votação popular aberta, é hora de olhar para frente, começar onde está, usando o que tem, sendo quem é: é o momento de refletir sobre Futuros Possíveis.
Nesta quarta edição, foram selecionados 21 trabalhos, devido à desclassificação de uma das artistas selecionadas no ciclo 2. Dentre os trabalhos selecionados, é realizada uma votação popular online para definir a ganhadora de um prêmio em dinheiro em cada ciclo no valor de R$1 mil reais. Todas as edições da zine já estão disponíveis em nosso site. A votação do quarto e último ciclo, sob o tema Futuros Possíveis, ainda está aberta e vai até 09 de julho.
Exposição Baleia – Mulheres nas Artes Visuais do DF e Entorno
Aberta no dia 21 de abril, a mostra está disponível para visitação na Infinu Comunidade Criativa (506 sul) e reúne o trabalho de 52 artistas selecionadas pelo projeto Baleia. Há obras originais, reproduções, pinturas, colagens, desenhos, fotografias, sobre os temas das três primeiras seletivas: O Tempo Circular, Heranças Deslembradas e Diante do Espelho. Reunimos trabalhos de artistas consagradas por prêmios nacionais e grandes exposições mas também de artistas em formação, apresentando assim um mapeamento diverso e representativo.
A visitação presencial é permitida com apenas duas pessoas por vez, seguindo todos os protocolos de segurança, de terça a domingo, das 11h às 21h, até o dia 10 de agosto. Não é necessário agendamento prévio. As visitas online podem ser feitas através do instagram do projeto com transmissões ao vivo e compras via PIX: ou seja, o público pode ter a experiência completa sem sair de casa.
Serviço
Exposição Baleia – Mulheres nas Artes Visuais do DF e Entorno
Onde: Infinu Comunidade Criativa (506 sul) e redes sociais da Baleia (Instagram e Facebook: /baleiadf)
Visitação: de 21 de abril a 10 de agosto de 2021, de terça a domingo, das 11h às 21h, apenas duas pessoas por vez no espaço disponível para as obras. Não é necessário agendamento. Recomendamos conferir o horário de funcionamento nas redes da infinu antes de sair de casa (www.instagram.com/infinubsb)
Mais informações: www.instagram.com/baleiadf
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