Estraçalhado, destroçado, arruinado, jamais derrotado. Unido na desgraça. Solidário na tristeza. Esmagado por dentro. Os gaúchos, todavia, não se entregam. Não vergam. A dor que vivem, carregarão pelo resto da vida. Ricos, pobres, remediados, desempregados, terceirizados. Juntos na mesma agonia. Foi tudo, literalmente, por água abaixo. Sabem que é preciso reagir. Enfrentar as dificuldades. De frente, peito aberto. Estimulados pela solidariedade do Brasil inteiro e por milhares de voluntários. Anjos abençoados pelos deuses da ternura e do afeto. Sem eles, tudo seria mais difícil e complicado. O gaúcho é um povo ferido. Na alma e no coração. Movido pelo alento da fé imorredoura. Manter o couro duro para a reconstrução. Não é hora de fraquejar. É preciso seguir a lição do apóstolo Paulo, combater o bom combate. Como exortou a dona de uma sapataria, vendo destruídos os esforços de uma vida inteira: "Vamos em frente. Não podemos desistir". O quadro é de guerra. Desolação que fere os olhos. Lama e barro das enxurradas levaram hospitais, restaurantes, bares, escritórios, pontos de táxi, paradas de ônibus, academias, farmácias, lojas inteiras de mercados, bancas de ambulantes, rodoviárias, jardins, escolas, aeroporto, casas e prédios, áreas de lazer, oficinas mecânicas, igrejas. São marcantes e fundamentais as presenças das Forças Armadas, da Polícia Federal, dos bombeiros de vários Estados e da Força Nacional. As paisagens do Rio Grande do Sul estão tomadas por caminhões de lixo, caminhões basculantes, britadeiras, empilhadeiras e serras elétricas, lanchas, barcos, canoas, helicópteros, aviões cargueiros, navios da Marinha, carros de combate, tratores, balsas, carros e ambulâncias de bombeiros. Profissionais envolvidos com fé no peito. No coração, pulsa a reconstrução.
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