Robério Braga
Ao modo do que fazemos todos, ao fim do ano, quando por costume e tradição passamos em revista os acontecimentos mais marcantes que dominaram nosso cotidiano, eu também, nessa semana final de 2021, resolvi reabrir meus álbuns de memórias e de esperanças, e, antes de tudo, seguir recuperando ponto a ponto o que sucedeu. E o fiz sem medo de me reencontrar com dores e tristezasnem com sabores agridoces, mas, também, sem me conter nas alegrias e boas recordações, pois sei muito bem que tudo faz parte dessa passagem de aprimoramento do nosso espírito eterno.
O que fiz, verdadeiramente, foi revisar o breve e duro passado desse ano que se encerra procurando apreender melhor e tirar exemplos, e, mais que isso, agradecer com melhor precisão por tudo de tudo que experimentei, pelos caminhos que andei trilhando e pelas vielas em que me meti, afinal, foi por obra e graça de mim mesmo e à conta do livre arbítrio concedido por quem podia fazê-lo.
Página por página, sem pressa, muitas vezes parei saboreando cada momento como se tudo fosse novidade.Segui reverenciando com muito carinho e afeto incontido a pai, mãe, irmãos, esposa, filhos e filhas, netos e neta, amigos próximos e mais distantes, assim como a adversários e opositores, como sempre faço nas minhas orações diárias. Mais que isso, segui declarando meu amor pela vida que é milagre divino e revi o milagre do renascimento da minha Rosa muito amada. Depois, no álbum das lembranças mais juvenis, fui ao encontro do réveillon rionegrino quando, quase rapaz, punha-me no “smoking” que era o traje exigido e ia festejar o Ano Novo saltitando de alegria para amanhecer na Praça Heliodoro Balbi, e, como bom folião, tomar mingau no mercado grande, na manhã do dia primeiro de janeiro. Era assim que uma parte dos jovens da minha geração via nascer o ano entre festejos de rei Momo, primeiro e único, um dos deuses da folia.
Nas folhas mais amareladas dessas memórias devem estar as passagens de ano de quando ainda menino ficava correndo pelas ruas Airão, Marcílio Dias ou Ramos Ferreira sem me aperceber muito bem do que se passava nessas ocasiões, mas confesso que não as tenho guardadas comigo porque levadas como relíquias pelos meus que partiram para paragens superiores, e, ao que julgo saber, por lá não se conta o tempo como se mede aqui. Deduzo que havia fogos rompendo os céus, sinos repicando nas igrejas, famílias em confraternização e orações contritas balbuciadas com fé, tal como acontece nos dias de agora em que, para mim, as festas mundanas deixaram de ter o valor que assumiam na juventude, e o que se dá é o reencontro com nosso interior, e o que buscamos é que o perdão e a paz de espírito presidam a hora certa da transição e o decorrer do ano.
Nos álbuns de esperanças que acabei de abrir, confiante no amanhã, saio escrevendo os desejos mais ardentes de amor e liberdade como metas a serem edificadas e alcançadas em mundo que se nos apresenta cada vez mais árido e sofrido. Sinto o perfume da rosa botão e da rosa mulher, e porque tenho a felicidade, rogo que esta se derrame sobre a humanidade inteira, seja encerrando a pandemia que nos atormenta e dela possamos extrair lições proveitosas, seja permitindo que cada um realize o melhor para suas vidas, conforme as aspirações mais sinceras, em fruto do reencontro consigo próprio.
De mim para comigo, rogo o perdão para minhas culpas, a luz para o meu espírito e a oportunidade de permanecer nessa experiência bendita em busca de evoluire aprender, dando o melhor de mim na convivência com o próximo e crendo nos sonhos que me animam.
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