terça-feira, 30 de abril de 2019

Um silencioso abraço

Texto marcante e decisão desprendida e generosa de um cidadão amoroso e grandioso.
Para quem a família estará sempre em relevo e em primeiro lugar.
Que mais do que nunca louva e acredita na força de Deus, Todo Poderoso. 

Foto: Editora JC

J. Bernardo Cabral


Há mais de uma década, vinha colaborando aos domingos com uma crônica, onde abordava os mais variados assuntos. Tendo sido amigo do fundador de “A CRÍTICA”, o inesquecível Umberto Calderaro Filho, com quem trabalhei como jornalista profissional, de Carteira de Trabalho assinada, nos primeiros tempos – como de certa feita registrou a sua corajosa filha e seguidora, Cristina Calderaro Corrêa, na “Apresentação” do livro “Bernardo Cabral – o Cronista”, organização do Jornalista e Advogado Júlio Antônio Lopes – sempre me senti à vontade para expor o meu ponto de vista. Vale registrar: a Direção jamais fez qualquer restrição ao conteúdo do tema por mim abordado e que coloco em relevo para desfazer qualquer tipo de interpretação.

É que, a meu juízo, tomei a decisão de parar de escrever, proferir palestras no Brasil e no exterior, presidir solenidades, razão por que tenho recusado, com as indispensáveis escusas, todos os Convites que me estão sendo feitos e que serão realizados fora do local onde tenho o meu domicílio. A justificativa é plenamente compreensível e aceitável. Estou caminhando para os 90 anos de idade (atualmente com 87 anos) e preciso dedicar à minha família o tempo que me resta e que não me foi possível fazê-lo à época em que me encontrava na vida pública.

Essa decisão se deve à seguinte ocorrência: - nos nove dias finais do mês de janeiro último e os cinquenta e quatro dias dos meses de fevereiro (28 dias) e março (26), num total de 63 dias, ininterruptos, estive com minha mulher hospitalizada no PROCARDIACO, de Botafogo, dos quais 50 dias, deitada sem poder se levantar, num leito do Centro de Tratamento Intensivo – CTI – completamente fora do mundo, sem que os médicos pudessem afirmar de que o seu retorno à vida comum ocorreria ou não. A única esperança dos familiares – sempre muito forte – era a crença em Deus que o meu filho Júlio, os netos e eu tínhamos de que um milagre acontecesse. E que Deus não nos faltaria.

E ELE não faltou. O milagre se realizou. O que é notável: sem as sequelas que costumam existir quando o paciente sofre a chamada “morte súbita” e é a tempo abortada. Exatamente como tinha ocorrido com a Zuleide. Felizmente, nos dias de hoje já em casa, em recuperação lenta, mas com a força de vontade que a caracteriza.

Essa temporada foi muito difícil para todos nós, em especial para mim e para meu filho Júlio, a quem tive, incessantemente, ao meu lado, dia e noite. Sem esquecer os muitos amigos que emprestaram a sua solidariedade, de Manaus e de outras cidades, pessoalmente, a par dos telefonemas e mensagens por todos os meios de comunicação.

É hora pois de parar e seguir os Conselhos de um velho sábio, quando lhe perguntaram a idade (já avançada e os cabelos muito brancos), respondeu: 10 anos. E explicou: não tenho a idade que vivi, mas aquela que espero ainda viver.

Agradeço, portanto, em primeiro lugar, à Jornalista Cristina Calderaro Corrêa, aos seus filhos Dissica Tomaz Calderaro e Umberto Tomaz Calderaro e aos amigos leitores de “A CRÍTICA”, que tanto me honraram com a atenção que jamais me faltou.

Um silencioso abraço de despedida.

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