José Sarney foi governador,
deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por
vários mandatos, presidente do Senado Federal por diversas vezes. Tudo isso,
sempre eleito, aclamado pelo povo e com ficha limpíssima. São mais de 55 anos
de vida pública. Homem que, em qualquer país civilizado, seria herói. Mas grupelho pago de fascistas canalhas
da pior espécie, disfarçados de manifestantes, tentaram impedir o timoneiro da
transição democrática de descer do carro, entrar no Congresso e exercer seu
mandato constitucional. Foi na quarta-feira (3), início dos debates sobre o
famigerado “superávit primário”, aquele mecanismo espertalhão de banqueiros e
rentistas criado pelos tucanos – e mantido pelos petistas - para tirar dinheiro
dos investimentos sociais para pagar juros estratosféricos para os agiotas
apátridas de plantão. Queriam impedir, pela força, pela agressão, que Sarney se
posicionasse sobre o assunto. Sarney que, no seu governo, jamais aceitou
políticas públicas recessivas que sacrificasse trabalhadores, nem falta de
recursos para as políticas sociais que criou e muito menos repressão aos trabalhadores.
E o pior é que os fascistóides energúmenos não têm nem uma boa causa para dizer
que “os fins justificam os meios”. Segundo Rodrigo Ávila, economista da
Auditoria Cidadã da Dívida, a LRF (Lei de “Responsabilidade” Fiscal) que eles
imaginam que seja algo de bom é uma farsa canalha, pois pune gastos sociais
necessários, mas permite e estimula desperdícios financeiros do Estado para
garantir a farra da turma dos bancos. Quer dizer: se um prefeitinho do interior
deixar de pagar dívidas finanSegundo ele, a LRF “não serve para ordenar os
gastos públicos no Brasil, uma vez que apenas limita os gastos sociais, não
estabelecendo nenhum limite ao gasto responsável pelo verdadeiro rombo nas
contas públicas brasileiras: a questionável dívida pública”. Segundo o
economista, “neste ano, até 25/10, o pagamento de juros e amortizações da
dívida federal já consumiu R$ 910 bilhões, o que representa nada menos que a
metade de todos os gastos da União até esta data”. Em artigo, esclarece que o
Projeto de Lei enviado pelo Executivo ao Congresso não corrige este problema,
mas apenas visa zerar (ou tornar levemente negativa) a meta do chamado
“superávit primário”, cuja metodologia de cálculo envolve apenas parcela do
orçamento, ou seja, é o resultado da diferença entre as chamadas “receitas
primárias” (principalmente os tributos e receitas de privatizações) e as
“despesas primárias” (os gastos sociais), para fazer parecer à sociedade que o
problema das contas públicas seria um suposto excesso de gastos sociais (por
exemplo, as aposentadorias, pensões, etc), ocultando completamente os gastos
com a dívida. Mas a turma que agrediu o carro de Sarney, a serviço de
tucanóides golpistas da vida, sob uma análise mais realista, talvez tenham tido
suas razões em impedir que Sarney chegasse ao Plenário da Câmara naquele
dia. Eles sabiam quem é e o que pensa
Sarney. Sabiam que o maranhense é e sempre foi defensor intransigente de
políticas sociais de inclusão. A opção de “Tudo pelo Social”, no seu governo,
refletiu o empenho em voltar o Estado para os mais humildes. O Programa do
Leite simbolizou, em seus números, o gigantesco esforço que se fez: 1 bilhão e
300 milhões de litros distribuídos a 7,6 milhões de famílias. O vale-refeição
tinha 18 milhões de beneficiados por dia; o vale-transporte, 26 milhões.
Criou-se o seguro-desemprego. 58 milhões de crianças passaram a ser atendidas
diariamente pela merenda escolar. A farmácia básica do CEME chegou a 50 milhões
de pessoas. A área irrigada aumentou em 1 milhão de hectares. A cultura tornou-se
um desafio do governo. A pesquisa científica, recebendo apoio incondicional —
foram dadas 133 mil bolsas de estudo, mais do que em todos os anos anteriores
do CNPq juntos —, alcançou resultados importantes no enriquecimento do urânio e
domínio da água pesada, com fibras óticas e de carbono, com lasers de alta
potência. Foi criado o IBAMA e iniciada a defesa sistemática do meio ambiente.
O Calha Norte marcou nossa soberania sobre a Amazônia... Por tudo isso, os
fascistas tucanos não o queriam em plenário ontem, debatendo assunto tão
importante para o futuro do Brasil.
Said
Barbosa Dib é historiador e analista político em Brasília
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