quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Said Barbosa Dib: “Fascistas a serviço dos especuladores atacam Sarney para atingir investimentos sociais”

José Sarney foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por vários mandatos, presidente do Senado Federal por diversas vezes. Tudo isso, sempre eleito, aclamado pelo povo e com ficha limpíssima. São mais de 55 anos de vida pública. Homem que, em qualquer país civilizado, seria herói. Mas grupelho pago de fascistas canalhas da pior espécie, disfarçados de manifestantes, tentaram impedir o timoneiro da transição democrática de descer do carro, entrar no Congresso e exercer seu mandato constitucional. Foi na quarta-feira (3), início dos debates sobre o famigerado “superávit primário”, aquele mecanismo espertalhão de banqueiros e rentistas criado pelos tucanos – e mantido pelos petistas - para tirar dinheiro dos investimentos sociais para pagar juros estratosféricos para os agiotas apátridas de plantão. Queriam impedir, pela força, pela agressão, que Sarney se posicionasse sobre o assunto. Sarney que, no seu governo, jamais aceitou políticas públicas recessivas que sacrificasse trabalhadores, nem falta de recursos para as políticas sociais que criou e muito menos repressão aos trabalhadores. E o pior é que os fascistóides energúmenos não têm nem uma boa causa para dizer que “os fins justificam os meios”. Segundo Rodrigo Ávila, economista da Auditoria Cidadã da Dívida, a LRF (Lei de “Responsabilidade” Fiscal) que eles imaginam que seja algo de bom é uma farsa canalha, pois pune gastos sociais necessários, mas permite e estimula desperdícios financeiros do Estado para garantir a farra da turma dos bancos. Quer dizer: se um prefeitinho do interior deixar de pagar dívidas finanSegundo ele, a LRF “não serve para ordenar os gastos públicos no Brasil, uma vez que apenas limita os gastos sociais, não estabelecendo nenhum limite ao gasto responsável pelo verdadeiro rombo nas contas públicas brasileiras: a questionável dívida pública”. Segundo o economista, “neste ano, até 25/10, o pagamento de juros e amortizações da dívida federal já consumiu R$ 910 bilhões, o que representa nada menos que a metade de todos os gastos da União até esta data”. Em artigo, esclarece que o Projeto de Lei enviado pelo Executivo ao Congresso não corrige este problema, mas apenas visa zerar (ou tornar levemente negativa) a meta do chamado “superávit primário”, cuja metodologia de cálculo envolve apenas parcela do orçamento, ou seja, é o resultado da diferença entre as chamadas “receitas primárias” (principalmente os tributos e receitas de privatizações) e as “despesas primárias” (os gastos sociais), para fazer parecer à sociedade que o problema das contas públicas seria um suposto excesso de gastos sociais (por exemplo, as aposentadorias, pensões, etc), ocultando completamente os gastos com a dívida. Mas a turma que agrediu o carro de Sarney, a serviço de tucanóides golpistas da vida, sob uma análise mais realista, talvez tenham tido suas razões em impedir que Sarney chegasse ao Plenário da Câmara naquele dia.  Eles sabiam quem é e o que pensa Sarney. Sabiam que o maranhense é e sempre foi defensor intransigente de políticas sociais de inclusão. A opção de “Tudo pelo Social”, no seu governo, refletiu o empenho em voltar o Estado para os mais humildes. O Programa do Leite simbolizou, em seus números, o gigantesco esforço que se fez: 1 bilhão e 300 milhões de litros distribuídos a 7,6 milhões de famílias. O vale-refeição tinha 18 milhões de beneficiados por dia; o vale-transporte, 26 milhões. Criou-se o seguro-desemprego. 58 milhões de crianças passaram a ser atendidas diariamente pela merenda escolar. A farmácia básica do CEME chegou a 50 milhões de pessoas. A área irrigada aumentou em 1 milhão de hectares. A cultura tornou-se um desafio do governo. A pesquisa científica, recebendo apoio incondicional — foram dadas 133 mil bolsas de estudo, mais do que em todos os anos anteriores do CNPq juntos —, alcançou resultados importantes no enriquecimento do urânio e domínio da água pesada, com fibras óticas e de carbono, com lasers de alta potência. Foi criado o IBAMA e iniciada a defesa sistemática do meio ambiente. O Calha Norte marcou nossa soberania sobre a Amazônia... Por tudo isso, os fascistas tucanos não o queriam em plenário ontem, debatendo assunto tão importante para o futuro do Brasil.


Said Barbosa Dib é historiador e analista político em Brasília

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