Tradição católica ensina e recomenda que não se deve comer carne na sexta-feira da Paixão. A bela e marcante data não faz restrições ao consumo de imensos e caros ovos de Páscoa, aos saborosos e variados pratos de bacalhau, peixes, camarões e lagostas. Com direito a espumantes, vinhos, uísque e cervejas. Ao redor de amigos e famílias felizes. Com intermináveis selfies coloridas, beijos e abraços. Contentamento sem hora para acabar. Afinal, ninguém é de ferro. Nessa linha, no Brasil real, tenebroso e vergonhoso, para perto de 8 milhões de brasileiros desempregados, cheios de dívidas, a mesa na sexta-feira da paixão permanece a mesma. Degradação completa. Pedaços de pão, legumes e frutas recolhidos nas latas de lixo. Crianças maltrapilhas. Frio e desencanto. Pais agoniados. Vida despedaçadas. Água e café ralo. Ovo de Páscoa é piada infame. Agride, insulta e humilha. A miséria e a fome são implacáveis e permanentes.
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