sábado, 16 de dezembro de 2023

Caixinhas

"Tem uma moeda aí, tio?". É o clamor sofrido das ruas. Vindo de crianças, adultos e adolescentes. Mãos estendidas. Caixinhas de papelão, caixas de sapatos, e latas de leite, compõem o cenário frio, humilhante, melancólico. Vozes trêmulas. Pés descalços. A fome anunciada pelos olhos tristes. É o natal chegando. Significa esperança de ganhar algum trocado para comer. Quem sabe, um natal menos amargo e dolorido. As caixinhas também são vistas em balcões de lojas, padarias, lavanderias, papelarias e bancas de jornais. Embora empregados, ninguém se acanha. O dinheiro é curto. Caixas e latas marcam a linha da fome e da miséria. Chegam juntas. A fome é diária. Não avisa. Semáforos, estacionamentos, portas de bares, restaurantes e lanchonetes, fazem das caixinhas e latas o porto da esperança. Sonhando com a caridade de corações bondosos. 

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