quinta-feira, 17 de maio de 2018

SEQUESTRO

*DIÓGENES DANTAS FILHO
Vivemos em clima de insegurança generalizada e de tensão permanente diante do vertiginoso aumento da criminalidade e da audácia de seus atores diante dos órgãos de repressão. Chegam a desafiar os integrantes das Forças Armadas e os resultados da intervenção militar no Rio de Janeiro têm sido inferiores ao esperados diante do custo/benefício.

Há necessidade de mantermos um permanente estado de prontidão onde as medidas preventivas coletivas e individuais tornam-se cada vez mais necessárias.

Os criminosos aproveitam as facilidades e limitações da segurança. Normalmente, realizam seus ataques a pessoas isoladas e com lenta capacidade de reação, geralmente no lusco-fusco ou à noite e utilizam-se do fator surpresa.

Uma das maiores preocupações reside no sequestro por ser um crime brutal, hediondo e covarde que deixa sequelas pós traumáticas irreversíveis.

Nos Estados Unidos, dependendo das circunstâncias, o sequestrador pode ser condenado à morte.

Aqui, a pena é tão branda que o escroque, valendo-se dos Direitos Humanos e de subterfúgios legais, pode cumpri-la e retornar ao convívio social para praticá-lo  novamente. E ainda recebe o salário prisional.

Segundo a classificação do Control Risk Group da Inglaterra, das mais importantes consultorias no assunto, o Brasil está no pódio dos cinco países do mundo que mais oferecem riscos à vida.

Existe um mercado criado pelo medo do sequestro. A blindagem dos carros tem crescido anualmente. Já existe um chip para ser instalado subcutaneamente nas pessoas com alta possibilidade de serem alvos dos sequestradores. O mesmo pode ser colocado nas notas de dinheiro para rastrear os criminosos.

A possibilidade de um alto funcionário ser sequestrado é maior do que sofrer um acidente aéreo fatal. Diante disto, empresas chegam a contratar seguros antissequestros  para seus executivos fora do Brasil porque a nossa legislação não permite esta comercialização. Em caso de infortúnio, a empresa seguradora é quem negocia com os sequestradores e paga o resgate.

A maioria dos sequestros é motivada pelo dinheiro mas pode ter outras finalidades como desmoralizar autoridades, criar impacto, simbolismo político, simpatia por uma causa ou, até mesmo, escapar de um cerco policial.

Nas grandes capitais está se generalizando o sequestro relâmpago quando os criminosos obrigam a vítima a sacar dinheiro nos caixas eletrônicos ou comparecer na residência para apreensão de valores. Nestes casos, não há contato com terceiros e nem cativeiros. Geralmente, as vítimas traumatizadas não registram o crime por medo.

Nos sequestros prolongados, as primeiras 24 horas são de total enclausuramento para neutralizar a vítima pela solidão, fome, sede, cansaço e pânico.

A chamada Síndrome de Estocolmo pode ocorrer quando os reféns, estressados e emocionalmente envolvidos, passam a apoiar os seus algozes e criam um sentimento antagônico à força legal.

Normalmente, o sequestro engloba as seguintes atividades:

planejamento e preparação detalhados; rapto; cativeiro;  exigências dos criminosos; negociações; atendimento das exigências; resgate ou assassinato do refém.

Uma vez identificado o local de confinamento, deve ser desencadeada uma operação antissequestro por especialistas com o objetivo principal de preservar a vida da vítima. A negociação é a melhor forma de solucionar a crise ganhando-se tempo para as ações futuras.

Um atirador de elite poderá aproveitar a exposição do sequestrador no cativeiro. Mesmo tendo êxito, não faltarão hipócritas para acusar policiais pelo “assassinato de um desequilibrado” que merecia mais tempo de diálogo. Imaginem o que ocorrerá se ele errar o tiro...

Ninguém merece passar por tão terrível situação, razão pela qual as medidas preventivas de segurança pessoal devem ser diariamente mentalizadas.

Em qualquer hipótese, procure manter a calma, não discutir com os sequestradores e ouvir atentamente as suas exigências.

Resta-nos orar para não termos de enfrentar tão traumático problema,evitando rotinas.Prevenção é Segurança!

(Diógenes Dantas Filho é Coronel Forças Especiais/Consultor de Segurança)


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