Em
2009, nas conclusões de minha modesta obra sobre “Insegurança
Pública e Privada” declarei textualmente que os agentes armados do
crime desafiam o Estado e chegam a exercer um poder paralelo em
inúmeras localidades. Chefes de facção, embora presos, continuam a
comandar ações criminosas contra a população, afrontando o poder
público.
Meu
trabalho baseou-se, também, no relatório da ONU, de 2008, sobre
criminalidade no BRASIL que afirmou, dentre outros argumentos, o
seguinte:
-
as megaoperações policias de nada servem;
-
a justiça criminal é demasiadamente lenta , contribuindo para a
impunidade;
-
o crime organizado impõe suas próprias leis, principalmente em SÃO
PAULO, RIO DE JANEIRO e RECIFE;
-
a presença do Estado é tão ausente que policiais só entram em
determinadas localidades mediante confronto armado.
De
lá pra cá a situação piorou muito!
No
RIO DE JANEIRO, por exemplo, o estado de tensão é permanente. Nem
as mulheres grávidas são poupadas, sendo vítimas de agressão de
assaltantes, atropelamentos propositais ou balas perdidas que atingem
seus fetos.
As
cenas de guerra são frequentes, principalmente nas comunidades
carentes. Arrastões sistemáticos e assaltos rotineiros à luz do
dia. A violência está transformando estádios de futebol em campos
de batalha. Caixas eletrônicos são implodidos e os carros-fortes
com seus seguranças são vulneráveis à audácia dos criminosos.
Milhares
de turistas estão sendo orientados a respeito dos perigos na cidade
outrora considerada maravilhosa e empresas têm cancelado viagens por
falta de adesões.
O
programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) teve sucesso
inicial e serviu de plataforma política para reeleição ao então
Governador SÉRGIO CABRAL, ora enrolado nas teias de aranha da
corrupção.
As
UPPs não foram exitosas no seu prosseguimento porque não receberam
as necessárias e prometidas obras de infraestrutura, além dos
meliantes continuarem atuantes nas suas regiões de homizio com
enorme influência sobre a população local.
A
pré-falência do Estado contribuiu para a proliferação dos
chamados “black spots” e o retorno das milícias, deixando os
moradores sem saberem a quem recorrer.
A
insegurança privada e pública é generalizada, piorando a cada dia
sem perspectivas de solução a curto prazo por falta de policiais,
recursos, motivação, autoridade e de vontade política.
No
restante do País a situação também é alarmante.
Na
SÍRIA, em 4 anos, morreram 256mil pessoas em ambiente de guerra. No
BRASIL, no mesmo período, quase279 mil foram vitimadas pela
violência. Cerca de 60mil morrem por ano em decorrência de armas de
fogo. Proporcionalmente, SERGIPE, ALAGOAS E RIO GRANDE DO NORTE são
ainda mais atingidos do que o RIO DE JANEIRO.
Segundo
dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nossa Polícia é
a que mais mata no mundo mas, infelizmente, a que mais morre.
Os
tráficos de armas e de drogas agravam o problema e não têm sido
encarados pelas autoridades de diferentes níveis com o enfoque e
prioridade merecidas.
Mais
da metade dos mandados de prisão não são cumpridos porque
inexistem locais para alojar tantos delinquentes que ainda recebem
salário-prisional. E com a Lava- Jato houve maior congestionamento
razão pela qual defendemos a tese de que os corruptos devem ser
sancionados com o ressarcimento aos cofres públicos, com as devidas
correções, de tudo que surrupiaram.
É
inadimissível que marginais possam dispor das prerrogativas do
cidadão comum. Os apenados por crimes hediondos e sequestros
não devem, sequer, gozar de abusivas regalias concedidas aos
demais presos.
Atualmente,
nem as pessoas de posse dispondo de custosos meios tecnológicos têm
assegurado o seu direito de ir- e- vir com tranquilidade, Muitos
vivem em seus presídios domiciliares.
As
medidas policiais repressivas são casuísticas e só servem para
estancar a sangria momentaneamente, sendo que algumas vezes,
involuntariamente, contribuem para aumentá-la com as balas perdidas
atingindo inocentes,
O
Governo precisa estar convicto da necessidade do desencadeamento de
ações preventivas em todos os campos do Poder para o benefício da
população.
Neste
contexto, os papéis da Inteligência e das Informações são de
vital importância.
Apesar
da preocupante instabilidade política e da desunião nacional,
nossas vulnerabilidades e insegurança só serão superadas com
muita vontade, coragem, sem demagogia, com alocação de recursos,
superação de antagonismos e o imprescindível apoio do povo.
Os
criminosos não podem desfrutar de maior liberdade do que os homens
de bem.
WILHEM
VON HUMBOLDT, grande filósofo alemão, já preconizava há mais de
200 anos que a função precípua do Estado é garantir a segurança
no seu amplo sentido. O que diria se vivesse no BRASIL de hoje?
Diógenes
Dantas Filho- Coronel Forças Especiais/ Consultor de Segurança
Nenhum comentário:
Postar um comentário