sexta-feira, 23 de setembro de 2016

JULGAR SIM! ACHINCALHAR NÃO!

      É inquestionável a máxima internacional “no apogeu, os amigos se destacam pela quantidade e na desgraça, pela qualidade”.
      O Ministro Jarbas Passarinho costumava apregoar que “para político derrotado nem o vento bate na porta”.
      Assim é a vida!
      Em 1991, no Governo Collor, um de seus Ministros foi acusado de compactuar com o desvio de material de sua Pasta. Aconselhado pelo Chefe do Gabinete Militar, instaurou um inquérito para apurar o delito e liderar as investigações. Aos domingos, ele tinha o hábito de pedalar com o filhinho nos parques de Brasília. Quando estourou o escândalo, saiu uma charge extremamente maldosa nos jornais, onde, em bicicleta dupla, aquela autoridade vinha à frente com camiseta sugerindo a de um presidiário e a criança com os olhos vedados à sua retaguarda. Posteriormente, foi julgado, absolvido de todas as acusações e retornou à vida política. Já imaginaram o sofrimento da família e o que deve ter passado o inocente menino na escola e no “bullying” de seus colegas?
Haverá ressarcimento para este clamoroso dano moral?
      Por maior que seja a solidariedade, inclusive de poucos amigos leais, a injustiça ficará marcada para o resto da vida. E nada acontecerá com os delatores...
      Àquela época, não havia internet e nem redes sociais para colocarem mais lenha na fogueira à custa de difamações, interesses escusos, radicalismos ideológicos e políticos. Atualmente, os holofotes da mídia, dos palanques e das passeatas também são muito mais poderosos.
      Estamos vivenciando um ambiente generalizado de corrupção jamais visto na história do país onde os culpados devem ser julgados  com presteza e condenados. Porém, seus familiares devem ser preservados e o exagero nas humilhações não pode prevalecer.
      Antigamente, os descontentamentos e aversões eram extravasados na malhação de Judas, tradicional brincadeira da Semana Santa. Hoje ela ocorre diariamente, de modo sistemático, violento, acirrando ânimos e, muitas vezes, dividindo a população e deixando profundas sequelas.
      O Muro de Berlim passou a ser rotina na Praça dos Três Poderes por ocasião de julgamentos polêmicos no Congresso e nos Tribunais Superiores.
      Tudo isso contribui para o desrespeito à autoridade e a seus princípios, para conturbar o necessário ambiente de convivência humana,  para o desencadeamento de ações violentas e predatórias. Os reflexos também são notados na segurança pública já tão comprometida pela audácia dos bandidos e marginais.
      É chegada a hora de haver legislação que possa coibir os excessos que chegam à raia da desumanidade!

DIÓGENES DANTAS FILHO- Coronel Forças Especiais/Consultor de Segurança.

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